Documento que registra extermínio de índios é resgatado
após décadas desaparecido.
O Relatório Figueiredo, ( em que um SOLITÁRIO procurador-geral denunciava MASSACRES e ATROCIDADES contra os povos indígenas durante a ditadura militar ).Faz qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade perguntar-se como pode o Povo Brasileiro silenciar diante de tamanha barbárie!!!! Difícil de aceitar é a omissão do Estado Brasileiro no período do atual Governo!!!!!!!
( retirado da coluna de Marina Silva - Folha de São Paulo 03/Maio / 2013 ).
DOA A QUEM DOER, TEM QUE SER APURADOS E OS RESPONSÁVEIS DENUNCIADOS E DEVERÃO RESPONDER PELOS
ATOS PRATICADOS NESTA ÉPOCA!!!!!
( TORTURAS , CHACINAS , ETC ).
Onde esteve a COMISSÃO DOS DIREITOS HUMANOS DA CÂMARA FEDERAL, durante todo esse tempo?
Fornecendo verbas de R$302.000.000,00 em 2011 e R$11.000.000,00 para os ATIVISTAS GAY's para as festas de Paradas Gay's????
GAY's não são minorias que deveriam receber tantos privilégios, enquanto os INDÍGENAS, os NEGROS, os aleijados, aqueles com enfermidade e em especial os que vivem na MISÉRIA em nosso país, é que deveriam receber melhor atenção da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.
VEJAMOS:
Relatório de mais de 7 mil páginas que relatam
massacres e torturas de índios no interior do país, dado
como queimado num incêndio, é encontrado intacto 45 anos depois.
A expedição percorreu mais de 16 mil
quilômetros e visitou mais de 130 postos indígenas onde foram constatados
inúmeros crimes e violações aos direitos humanos. O governo ignorou pedido do
Relatório Figueiredo para demitir 33 agentes públicos e suspender 17.
Depois de 45 anos desaparecido, um dos
documentos mais importantes produzidos pelo Estado brasileiro no último século,
o chamado Relatório Figueiredo, que apurou matanças de tribos inteiras,
torturas e toda sorte de crueldades praticadas contra indígenas no país –
principalmente por latifundiários e funcionários do extinto Serviço de Proteção
ao Índio (SPI) –, ressurge quase intacto. Supostamente eliminado em um incêndio
no Ministério da Agricultura, ele foi encontrado recentemente no Museu do
Índio, no Rio, com mais de 7 mil páginas preservadas e contendo 29 dos 30 tomos
originais.
Em uma das inúmeras passagens brutais
do texto, a que o Estado de Minas teve acesso e publica na data em que se
comemora o Dia do Índio, um instrumento de tortura apontado como o mais comum
nos postos do SPI à época, chamado “tronco”, é descrito da seguinte maneira:
“Consistia na trituração dos tornozelos das vítimas, colocadas entre duas
estacas enterradas juntas em um ângulo agudo. As extremidades, ligadas por
roldanas, eram aproximadas lenta e continuamente”.
Entre denúncias de caçadas humanas
promovidas com metralhadoras e dinamites atiradas de aviões, inoculações
propositais de varíola em povoados isolados e doações de açúcar misturado a
estricnina, o texto redigido pelo então procurador Jader de Figueiredo Correia
ressuscita incontáveis fantasmas e pode se tornar agora um trunfo para a
Comissão da Verdade, que apura violações de direitos humanos cometidas entre
1946 e 1988.
A investigação, feita em 1967, em plena
ditadura, a pedido do então ministro do Interior, Albuquerque Lima, tendo como
base comissões parlamentares de inquérito de 1962 e 1963 e denúncias
posteriores de deputados, foi o resultado de uma expedição que percorreu mais
de 16 mil quilômetros, entrevistou dezenas de agentes do SPI e visitou mais de
130 postos indígenas. Jader de Figueiredo e sua equipe constataram diversos
crimes, propuseram a investigação de muitos mais que lhes foram relatados pelos
índios, se chocaram com a crueldade e bestialidade de agentes públicos. Ao
final, no entanto, o Brasil foi privado da possibilidade de fazer justiça nos
anos seguintes. Albuquerque Lima chegou a recomendar a demissão de 33 pessoas
do SPI e a suspensão de 17, mas, posteriormente, muitas delas foram inocentadas
pela Justiça.
Os únicos registros do relatório
disponíveis até hoje eram os presentes em reportagens publicadas na época de
sua conclusão, quando houve uma entrevista coletiva no Ministério do Interior,
em março de 1968, para detalhar o que havia sido constatado por Jader e sua
equipe. A entrevista teve repercussão internacional, merecendo publicação
inclusive em jornais como o New York Times. No entanto, tempos depois da
entrevista, o que ocorreu não foi a continuação das investigações, mas a
exoneração de funcionários que haviam participado do trabalho. Quem não foi
demitido foi trocado de função, numa tentativa de esconder o acontecido. Em 13
de dezembro do mesmo ano o governo militar baixou o Ato Institucional nº 5,
restringindo liberdades civis e tornando o regime autoritário mais rígido.
O vice-presidente do grupo Tortura
Nunca Mais de São Paulo e coordenador do Projeto Armazém Memória, Marcelo
Zelic, foi quem descobriu o conteúdo do documento até então guardado entre 50
caixas de papelada no Rio de Janeiro. Ele afirma que o Relatório Figueiredo já
havia se tornado motivo de preocupação para setores que possivelmente estão
envolvidos nas denúncias da época antes de ser achado. “Já tem gente que está
tentando desqualificar o relatório, acho que por um forte medo de ele aparecer,
as pessoas estão criticando o documento sem ter lido”, acusa.
Suplícios
O contexto desenvolvimentista da época
e o ímpeto por um Brasil moderno encontravam entraves nas aldeias. O documento
relata que índios eram tratados como animais e sem a menor compaixão. “É
espantoso que existe na estrutura administrativa do país repartição que haja
descido a tão baixos padrões de decência. E que haja funcionários públicos cuja
bestialidade tenha atingido tais requintes de perversidade. Venderam-se
crianças indefesas para servir aos instintos de indivíduos desumanos. Torturas
contra crianças e adultos em monstruosos e lentos suplícios”, lamentava Figueiredo.
Em outro trecho contundente, o relatório cita chacinas no Maranhão, em que
“fazendeiros liquidaram toda uma nação”. Uma CPI chegou a ser instaurada em
1968, mas o país jamais julgou os algozes que ceifaram tribos inteiras e
culturas milenares.