O fim das picadas: Nova
substância cria “capa da invisibilidade” nos humanos contra os mosquitos
Você já desejou ser ou estar invisível para qualquer inseto que
insiste em te rodear e picar? Talvez isso já seja possível.
Pesquisadores descobriram uma substância química que desativa a
parte do cérebro do inseto que rastreia os humanos. Este é com certeza um
avanço na luta contra os mosquitos portadores de doenças. Os futuros repelentes
de mosquitos baseados em compostos químicos podem dar as pessoas uma capa de
invisibilidade contra essas pragas.
Existem três principais formas que os mosquitos escolhem seus
alvos - O CO2, o calor e odor. O forte atrativo do inseto é
o dióxido de carbono (CO2), no qual os possibilita
detectar uma pessoa a uma distância de até 20 a 30 metros .
Anandasankar Ray, entomologista da Universidade da Califórnia,
EUA, esclarece: “Quando os mosquitos e
outros insetos passaram a se alimentam de sangue, eles evoluíram para detectar
CO2.
Cada animal vertebrado vivo produz uma grande quantidade de CO2, como ‘plumas de turbulência’, e esse CO2 não apenas se dissipa sozinho como também tem
a ajuda do vento para isso”.
Quando os mosquitos estão mais próximos, eles são capazes de
sentir odores diferentes que são emitidos a partir da pele (o odor da pele
humana é o principal subproduto de micróbios na pele, que quebram o suor para
produzir o mau cheiro). Além disso, os insetos podem detectar o calor do corpo.
Algumas pesquisas também sugerem que os mosquitos são atraídos para certos
tipos de sangue, que podem ser mediados por diferentes moléculas de odor, no
entanto, não há ainda uma evidência concreta para esta ideia, segundo Ray.
Levando em conta esta capacidade dos mosquitos em detectar CO2 a partir de uma distância considerável, os
cientistas se concentram para determinar exatamente como os insetos podem
sentir esse gás, na esperança de que um dia seja possível bloquear essa
capacidade.
Os pesquisadores descobriram que existe uma classe de neurônios
sensoriais olfativos chamados CPA, que estão alojados nos palpos maxilares dos
mosquitos, que é um tipo de órgão sensorial que está entre as antenas perto da
boca. Em 2011, Ray e seus colegas descobriram que poderiam usar determinados
odores químicos para estimular esses neurônios, e confundir os mosquitos quando
eles tentam rastrear o CO2.
“Começamos então a pensar o
que aconteceria se conseguíssemos bloquear por completo esses neurônios”,
disse Ray. Mesmo que os mosquitos não fossem mais capazes de detectar o CO2, ainda havia a questão de eles serem capazes de sentir o odor da
pele, o que permitia a eles encontrar suas presas. Dessa forma, a equipe, bem
como outros grupos de pesquisa, decidiu identificar os receptores que captam os
odores da pele.
Os cientistas descobriram que apenas alguns odores conseguem ativar
determinados receptores a partir das antenas dos mosquitos. Entretanto,
estranhamente, os pesquisadores não conseguiam fazer uma relação entre a
ativação desses receptores ao comportamento dos insetos. De qualquer forma, os
receptores de CO2 dos
insetos também precisavam ser ativados com o dióxido de carbono para obter esta
atração.
Levando isso em conta, os pesquisadores também estudaram um meio
de rastrear os odores de pele humana que mais poderiam estimular a atenção dos
mosquitos. Além disso, eles também identificaram odores químicos específicos
que inibem ou ativam os neurônios CPA.
Eles projetaram um algoritmo de computador e automaticamente cerca
de meio milhão de compostos por características estruturais semelhantes aos
ativadores e inibidores apareceram. O algoritmo previu milhares de produtos
químicos que os pesquisadores delimitaram sua atenção ao cheiro, custo e
segurança. Eles testaram experimentalmente, e alguns deles funcionaram como o
esperado.
É importante ressaltar que a pesquisa mostrou que o sistema de
detecção de bloqueio dos mosquitos (tanto pelo CO2 quanto pelo odor da pele) é mais simples do que se creditava
anteriormente, pois requer interromper uma única classe de neurônios sensoriais
olfativos com apenas um reagente químico.
Ray sugere que podem ser criados adesivos, com base neste composto
químico, que ao serem colados na pele ou sobre as roupas age como um
pulverizador. “A ideia é tentar criar uma
capa de invisibilidade em torno de um número de pessoas e tornar a zona livre
de mosquitos”, afirma Ray.