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terça-feira, 19 de abril de 2016

Procurador da República vê indícios de farsa na investigação do helicóptero dos Perrellas

EM CONSTRUÇÃO...

Procurador da República vê indícios de farsa na investigação do helicóptero dos Perrellas


Na segunda matéria especial de nossa série sobre o caso da “Helicoca”,  Joaquim de Carvalho fala das incongruências, suspeitas e desencontros relativos à investigação e ao processo da apreensão de cocaína no helicóptero dos Perrellas.
A série é resultado de um projeto de crowdfunding do DCM. 

O processo que os servidores da Justiça Federal do Espírito Santo apelidaram de “Helicoca” nasceu do inquérito policial número 666/2013, aberto no dia 25 de novembro de 2013 e encerrado em 17 de janeiro de 2014. Em 53 dias, os policiais interrogaram 17 pessoas, entre eles os quatro presos em flagrante, e juntaram 44 documentos.
Mas aquela que é até agora a prova mais interessante do crime não é encontrada no inquérito, mas no YouTube. Trata-se de um vídeo de quase 13 minutos, em que um agente da Polícia Federal registra toda a ação.
O DCM teve acesso ao processo sigiloso em que o Ministério Público Federal diz que a investigação da “Helicoca” começou com uma farsa.
O vídeo da apreensão tem início quando desponta no céu da zona rural de Afonso Cláudio, no interior do Espírito Santo, o helicóptero cor de berinjela com faixa dourada e o prefixo GZP – G de Gustavo, Z de Zezé e P de Perrella, as iniciais de seus proprietários, o deputado estadual Gustavo Perrella, do Solidariedade, e o senador Zezé Perrella, do PDT, pai e filho.
É fim da tarde de domingo, 24 de novembro. A câmera é operada por um homem escondido atrás de um pé de café. O ronco do motor e o barulho da hélice não encobrem a fala do policial, que tem forte sotaque carioca e se comunica por rádio com equipes a postos para o flagrante.
As imagens, feitas de longe, são tremidas, o que mostra a falta de um apoio, um tripé. Aparece um carro branco, com porta-malas aberto, e mais duas pessoas, um de camisa rosa, que mais tarde seria identificado como o empresário Robson Ferreira Dias, do Rio de Janeiro, e outro de camisa verde clara, mais tarde identificado como Everaldo Lopes Souza, um sujeito simples, que se diz jardineiro, ligado a um empresário de Vitória, Élio Rodrigues, dono da propriedade onde a aeronave deveria ter pousado. Na última hora, o helicóptero acabou descendo na propriedade vizinha, que não é cercada.
A três minutos e quarenta segundos, o policial narra:
— Estão tirando a droga. O piloto correu para pegar o combustível e eles estão colocando a droga dentro do carro. O motor não foi cortado, o motor da aeronave não foi cortado. Estão carregando a droga na mala do carro, o motor não foi cortado, o copiloto foi buscar os galões. Cadê o helicóptero da PM?
A câmera volta para o plano aberto e fecha de novo na cena, muito tremida.
— São vários sacos pretos. Tem muita coisa, galera, muita coisa… vários sacos pretos. Eu acho que o piloto cortou… cortou o motor! Um segundo…Negativo, o piloto não cortou o motor… está descarregando a droga, e está começando a abastecer o primeiro galão.
Alguns segundos depois, avisa, triunfante:
— Positivo! Positivo! Cortou o motor, o helicóptero cortou o motor! Vamos lá, galera, pode ir. Quem conseguir pode ir. Vamos lá, tenente! Pode ir, Serra (com a pronúncia fechada, Sêrra). Eles estão abastecendo. Tem que ser rápido, tem que ir rápido!
Já são 7 minutos de gravação, a hélice para. Mais tarde, as imagens mostram três homens carregando a droga para o porta-malas do carro. Um deles está de camisa branca, que não aparece nas imagens anteriores. É Rogério Almeida Antunes, o piloto do senador Zezé Perrella e do deputado Gustavo Perrella. O outro piloto, Alexandre José de Oliveira Júnior, de camisa preta, não aparece nesta imagem. Ele se afastou para pegar mais combustível.
Imagens tremidas mostram a mata. Ouve-se chiado no rádio. Quando a câmera volta para a cena principal, mostra os acusados de tráfico com as mãos na cabeça, se abaixando. Tudo muito tranquilo.
— Positivo, positivo! Estão todos eles dominados. Vamos embora, tenente. Adianta o pessoal para dar apoio lá. Dominados lá os vagabundos. Parabéns, equipe, parabéns. Iurruuuuú. O show tá doido, maluco! DRE te pega, parceiro!
DRE é a sigla de Delegacia de Repressão a Entorpecentes, órgão da Polícia Federal. A câmera é desligada e volta com a imagem da droga no porta-malas e no banco traseiro do carro.
O vídeo foi apresentado à Justiça pelo procurador da República Fernando Amorim Lavieri como indício de crime. Não o de tráfico, demonstrado no inquérito, mas de fraude processual e falso testemunho. Nesse caso, os criminosos seriam os policiais que fizeram a prisão.
Na denúncia que transforma os policiais de caçadores em caça, o procurador Lavieri diz que desde o início desconfiou da versão da polícia para o flagrante. E procurou o responsável pelo inquérito, delegado Leonardo Damasceno, em busca de esclarecimento, quando teria ouvido a versão de que o flagrante era, na verdade, resultante de uma interceptação telefônica realizada em São Paulo.
O procurador também conversou com um agente da PF, Rafael Pacheco, que teria confirmado a versão do delegado Damasceno e acrescentado que, em São Paulo, a Justiça e o Ministério Público, “sensíveis ao flagelo do tráfico”, teriam autorizado interceptações telefônicas abrangentes, criando uma verdadeira “grampolândia”, daí resultando na apreensão da droga no helicóptero de Perrella.
Como os dois negaram na Justiça a versão de Lavieri, o procurador pediu afastamento do caso e se colocou na condição de testemunha do processo. Um testemunho que só serve como argumento para a defesa pedir a anulação do processo, como de fato já pediu.

O advogado Marco Antônio Gomes
O advogado Marco Antônio Gomes

O caso foi parar na mesa de outro procurador, Fábio Bhering Leite Praça, que estranhou a posição do colega Lavieri e recorreu à Procuradoria Geral da República em Brasília, na Câmara de Recursos. Ele não concorda com o afastamento do procurador Lavieri.
Entre seus argumentos, Fábio aponta para a fragilidade da denúncia formulada por ele. Se Lavieri tinha a notícia de uma ilegalidade, deveria ter agido, mandando investigar, como titular de uma instituição que tem a atribuição constitucional de exercer o controle externo da polícia.
A Câmara de Recursos deu razão ao procurador Fábio, e Lavieri, mesmo contrariado, voltou ao processo e participou de uma audiência por teleconferência, no dia 3 de abril.
Lavieiri está na sala de audiência da Justiça Federal em Vitória, ao lado do juiz, e duas testemunhas de defesa do piloto Alexandre José de Oliveira Júnior se encontram no fórum em São Paulo, na região da Paulista. Quase mil quilômetros separam os três, que se veem em monitores de TV.
O juiz dá a palavra ao procurador.
— Só uma pergunta…
A câmera gira na direção de Fernando Lavieri e mostra um homem que veste terno cinza, camisa e gravata de tom azul. Ele está de braços cruzados e arqueado sobre a mesa. Com a câmera apontada para sua direção, se recompõe, ajeita o microfone e questiona a testemunha, instrutor de voo na escola de Alexandre:
— O senhor conhecia o Alexandre em 2006, o senhor falou?
— Afirmativo. Eu tinha uma escola, era proprietário de uma escola. O meu sócio, Marcos Lázaro Luz, cursava o curso de avião civil na Faculdade Anhembi Morumbi, e ele era colega de classe de aula desse meu sócio, e por causa disso ele frequentava a minha escola para visitar o meu ex-sócio.
O procurador da República faz outra pergunta:
— E nessa época em que o senhor conheceu ele (sic), quando ele começou, ele aparentava ser uma pessoa com bastante dinheiro, com muitas posses?
— Não. Não, senhor. Nunca aparentou.
— Está bem, eu agradeço – o procurador diz e afasta o microfone.
O juiz retoma a palavra e pergunta se os réus têm alguma pergunta. Diante do silêncio, determina o encerramento do depoimento.
Com o fim da videoconferência, a câmera é desligada. As testemunhas são dispensadas em São Paulo, juntamente com um dos advogados de Alexandre, Heraldo Mendes de Lima. Mas, em Vitória, a audiência continua. Heraldo deixa o prédio na rua Ministro Rocha Azevedo sem fazer ideia da bomba que o juiz lançaria diante do advogado de Alexandre em Vitória, Marco Antônio Gomes.
Heraldo, parceiro de Marco Antônio na defesa de Alexandre, já foi policial civil e se dedica quase exclusivamente ao Direito Criminal. Ele sabe que, em processos de tráfico, os juízes costumam ser mais rigorosos. A expressão “flagelo do tráfico” é bastante comum nas ações desse tipo.
Meu primeiro contato com Heraldo foi na véspera da audiência por videoconferência. Ele aceitou conversar comigo numa churrascaria da avenida São João, quase esquina com o Largo do Arouche, em São Paulo. Era noite, por volta das 22 horas. Quando cheguei, ele conversava numa mesa com mais seis pessoas, cinco homens e uma mulher. Fiquei numa mesa próxima.
Quinze minutos depois, Heraldo se juntou a mim, com mais dois advogados. Os outros quatro que dividiam a mesa com ele saíram. Heraldo admitiu a dificuldade em que se encontrava seu cliente, diante do flagrante de tráfico.
— O [Alexandre] Júnior se envolveu nesta aventura para salvar a empresa dele, que estava em dificuldade. O Júnior não é traficante, afirmou. Os pais são evangélicos, da Congregação Cristã”, acrescentou, como se a religião da família fosse o argumento definitivo em favor do bom comportamento do piloto.
A audiência por videoconferência no dia seguinte era uma tentativa de confirmar a tese de que a empresa estava em dificuldade: as duas testemunhas são ex-funcionários de Alexandre.
Em Vitória, com a câmera da videoconferência desligada, o juiz se volta para o advogado Marco Antônio Gomes e diz:
— Estou suspendendo o sigilo de um procedimento aberto por conta de um ofício do MPF. A denúncia de Lavieri a respeito da suposta escuta clandestina tinha saído de Vitória e chegado a Brasília, já tinha gerado mais de 150 folhas, mas tudo isso tramitava sem o conhecimento dos advogados. Era um procedimento secreto, que correu paralelamente ao inquérito da Polícia Federal.
Marco Antônio Gomes pergunta:
— Que procedimento?
O juiz explica, então, a denúncia do procurador.
— Vi na hora que o processo todo poderia ser anulado, comenta o advogado. Era o caso de pedir a prisão dos policiais que inventaram a história de que o flagrante foi fruto de uma investigação em Afonso Cláudio, diz Marco Antônio.
Ele ficou ainda mais surpreso quando o procurador, que em tese atua do lado contrário ao da defesa, se aproximou e perguntou se conhecia os advogados dos demais réus.
Marco diz que considerou a conversa do procurador “inusitada”. “O procurador não tem que se preocupar com a defesa. Em geral, eles querem que o advogado perca prazo, não tenha argumentos, enfim, perca no processo”, afirma.
Marco Antônio leva o processo para o escritório, manda imprimir as folhas copiadas em seu pen drive e lê toda a peça. Anota, cuidadosamente, as partes mais pesadas.
— Vi que estava diante de um escândalo.
Na segunda-feira seguinte, 7 de abril, na audiência em que, pela primeira vez, os acusados de tráfico teriam a oportunidade de falar diante do juiz, o procurador Fernando Lavieri não estava presente. A razão é que, entre quinta e sexta-feira, 4 e 5 de abril, obteve uma decisão favorável do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, onde o seu pedido foi parar. Estava oficialmente autorizado a abandonar a ação e se tornar testemunha em potencial dos advogados de defesa dos traficantes.
No seu lugar, deveria comparecer o procurador Fábio Bhering, mas este já tinha um compromisso oficial agendado. O caso foi para as mãos do coordenador do Núcleo Criminal da Procuradoria da República em Vitória, Júlio de Castilhos Oliveira Costa. Mas, na véspera, o filho dele nasceu e, de licença paternidade, determinou à procuradora Nadja Machado Botelho que representasse o Ministério Público Federal.
Nadja chegou à audiência avisando ao juiz que não sabia nada do processo, o que é natural, já que recebeu a missão na véspera. Mas conhecimento não seria mais tão importante naquele momento.
Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa, titular da 1ª Vara Federal Criminal de Vitória, abriu a audiência com a comunicação de que mandaria soltar os réus, pela denúncia de que o processo pode estar contaminado por grampo ilegal. Os réus foram soltos sem prestar depoimento à Justiça. Saíram como entraram: calados.
Em Vitória, procurei Fernando Lavieri, na sede do Ministério Público Federal. Ele estava lá, mas não quis me receber. Enviou a assessora de imprensa, que me entregou a cópia de um jornal local, A Tribuna, em que era publicada uma nota do Ministério Público, muito vaga. Fernando Lavieri havia pedido afastamento do processo por considerar insustentável o grampo ilegal.
Diz o jornal: “Por meio de nota, o MPF/ES informou que não é um órgão meramente acusador, pois a ele ‘interessa um processo justo, baseado em provas lícitas’”.
Falei por telefone com o delegado Leonardo Damasceno, sobre quem recaem as suspeitas do procurador Lavieri. “Não fizemos nada de errado”, disse, recomendando a leitura da nota em que a Superintendência da Polícia Federal no Espírito Santo se diz “orgulhosa” por tirar de circulação quase meia tonelada de cocaína.
Na entrevista, ele voltou a isentar os Perrellas de envolvimento no tráfico internacional de cocaína. “Está tudo nos autos. Quem não quiser acreditar tudo bem. Cada um acredita no que quiser”.
mpf
Leonardo Damasceno é de uma família de funcionários públicos. Seu irmão, auditor fiscal em Minas Gerais, ocuparia um cargo de confiança no governo mineiro. Sobre a hipótese de conflito de interesses, já que Zezé Perrella, dono do helicóptero, é aliado político de Aécio Neves, líder político no Estado, Leonardo diz:
— Não tenho ideia do que fazem meus irmãos. Ilações todo mundo faz. Dizem, por exemplo, que por eu ser Galo (torcedor do Atlético Mineiro) não poderia defender alguém que é do Cruzeiro (Perrella é o manda-chuva do clube).
Leonardo apareceu muito nos dias que se seguiram à apreensão da droga, na maioria das vezes para descartar o envolvimento do senador e do filho de Zezé Perrella, Gustavo, que é deputado estadual.
Parecia empenhado na investigação, mas o fato é que, depois da entrevista em que isenta Perrella, entrou de férias e quem assina o relatório final do inquérito é a delegada Aline Pedrini Cuzzuol.
Sobre o flagrante em Afonso Cláudio, Leonardo não quis entrar em detalhes.
— Está tudo no inquérito.
Há pelo menos uma informação furada no inquérito. O valor da propriedade comprada para o pouso e, talvez, a guarda da cocaína não é alto para os padrões do mercado local. Pelo contrário. Élio Rodrigues, apontado pela PF como o quinto elemento da quadrilha, fechou o negócio por R$ 500 mil. Deu R$ 100 mil de entrada e ficou de pagar o restante quando a propriedade estivesse em condições de ser registrada em seu nome. O proprietário anterior tinha uma dívida com o Banco do Estado do Espírito Santo que impedia a transferência em cartório.
Na região, o preço de uma propriedade como aquela, com quase 14 alqueires, pode ir até R$ 700 mil, segundo consulta que eu fiz junto a outros proprietários de terra. A fazenda tinha ainda 80 cabeças de gado leiteiro, a preço de R$ 2 mil reais cada. Como Élio comprou o sítio com porteira fechada, isto é, animais e benfeitorias ali presentes, a fazenda, a preço de mercado, poderia valer até R$ 860 mil.
— Por 500 mil, foi um negócio mais ou menos, conta um agricultor de Afonso Cláudio.
Não é verdadeira, portanto, a versão assumida pelo serviço reservado da Polícia Militar de que começou a investigar Élio depois que vizinhos desconfiaram do alto preço pago pela fazenda que seria utilizada na operação de tráfico.
Um policial de São Paulo, que tem experiência na investigação de narcóticos, acha que a prisão em Afonso Cláudio foi “serviço dado” ou resultado de grampo. “Sabiam que os caras chegariam naquele helicóptero. E com droga carregada no Paraguai”, afirma.
O procurador apresentou o vídeo do YouTube para mostrar que a polícia sabia previamente do helicóptero e da droga.
É só prestar atenção no que narra o policial que faz os registros com a câmera.
Quem entregou os traficantes? E com que objetivo? Foi mesmo um grampo ilegal?
São perguntas que a Procuradoria da República poderia tentar buscar, mas, analisando o trabalho do procurador relacionado a esse caso, vê-se que ele escreve muito mais a respeito da suspeita de utilização de prova ilícita do que do tráfico em si. Ou seja, o processo que poderia ser mortal para os acusados – os cinco conhecidos e outros que poderiam ser apontados – já nasceu com um antídoto: a investigação sigilosa que, revelada às vésperas do julgamento, colocou todo mundo na rua e pode provocar a nulidade do processo.
Para os acusados de tráfico, independentemente de quais sejam os motivos, a hipótese de anulação do processo é recebida como um milagre. Na tarde em que o juiz decidiu libertar os réus, sem ouvi-los, a mãe do piloto Alexandre José de Oliveira Júnior estava em casa, no bairro de Itaquera, em São Paulo.
Quando o advogado telefonou, descobriu que ela estava orando. A mulher, segundo ele, fez pedido próprio de quem espera pela condenação.
— Cuida do meu filho, doutor.
— A senhora mesmo vai cuidar dele, porque ele vai para casa.
— Milagre! – disse a mulher, entre lágrimas.
Evangélica, a mãe de Alexandre deve saber que 666, o número do inquérito da Polícia Federal, é também a marca da Besta que, segundo a Bíblia, aparecerá gravada nas mãos ou na testa das pessoas antes do juízo final.
No caso do inquérito em Vitória, 666 serviu para expor os demônios do sistema judiciário, em que procurador briga com procurador, delegado inocenta previamente suspeitos, e o juiz, um profissional preparado, com pós-graduação na Sorbonne, dá uma resposta sincera diante da pergunta sobre a impunidade nesse rumoroso caso.
— Eu continuarei juiz, você, jornalista e eles, traficantes.
O procurador Fernando Lavieri
O procurador Fernando Lavieri

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Sobre o Autor
Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquim.gil@ig.com.br



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    Válido:
    Dentro de uma favela, um grupo de policiais invade uma casa, arrombam a porta, não possuem mandado, colocam um saco na cabeça do proprietário, lhe arrancam uma confissão a força(aparece no cidade alerta um sujeito negro algemado, todo mundo fica feliz, e acha que a polícia têm trabalhado direitinho).
    Inválido:
    Um grupo de policiais descobre quase meia tonelada de cocaína em um helicóptero pertencente a uma rica e poderosa família de Minas Gerais( as provas são consideradas ilegais, pois foram conseguidas sem o mandado judicial).
    ESSE É O PAÍS QUE NASCI...
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        É o país que precisamos mudar, Joel. Os poderosos ainda são muito poderosos e e dominam o estado, independentemente até de quem esteja no poder. Uma verdadeira democracia tem que colocar o dedo nessa ferida. Abs
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            Como mudar se eles têm como eleitores e leitores uma profusão de coxinhas para semearem suas mentiras?
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                Fazendo o bom combate de idéias e mobilizando as pessoas, Anac. Além das mentiras, ainda existe o grande equívoco de que basta assumir o governo e tomar todas as medidas porque tudo se resolve com vontade política. Nada mais falso do que isso. Em SP, assistimos ao enterro do IPTU progressivo porque a "Justiça" bloqueou; antes, assistimos à farsa do "Mentirão"; agora nos deparamos com o escândalo do helicótero dos Perrela carregando quase meia tonelada de cocaina. Vencer as eleições é essencial para evitar uma catástrofe, que seria o retorno do PSDB ao poder, mas não basta. Se não houver grandes mobilizações em torno de propostas concretas para melhorar a democracia, o ritmo das mudanças continuará muito lento, com sérios riscos de retrocesso no meio do caminho. Aí todos lamentaremos, inclusive alguns que julgam equivocadamente que o PT não faz mais porque simplesmente não quer. Abs
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              A forma como está sendo conduzido o processo é prova cabal de que pegaram um PEIXÃO bem grande. E não são os Parrelas.
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                  ou tem mandato coletivo, como foi dado ao Exército na Maré. eles estão fazendo a festa macabra deles. esse é o país que nascemos, onde a violência constitutiva é mantida pelos governantes como dispositivo de controle e erradicação da pobreza.
                    • Avatar
                      E é aí que rola a história mais pesada! Como mudar??
                      Essa parada funciona como um sistema articulado, ou entra com tudo pra destruir, ou é engolido e vira peça pra manter o sistema funcionando!
                      Boa parte do PT virou peça do sistema, a que não quis, foi engolida...
                      Eu depositava confiança numa galera que tá lá, mas hoje eles abraçam até Satanás pra garantir a governabilidade!!
                        • Avatar
                          bom dia. bom, poderia ser, mas já a simples menção da palavra "governabilidade" acabou com o meu dia. eu nunca esquecerei que foi o PT que colocou o exército nas ruas do rio, ou que está apoiando essas remoções, condenando milhares à exclusão, que apoia uma polícia cada vez mais truculenta e que não oferece nenhum tipo de auxílio aos desesperados. joel, estamos com uma situação terrível aqui no rio com os despejados da favela da Oi e nenhum, repito, nenhum político apareceu nem para fazer fotos. agora, se eu te disser sobre o efetivo da polícia que apareceu, sem contar os P2s que ficam ameaçando os desabrigados de morte, vc nem vai acreditar. para isso, todo mundo (os três poderes) têm dinheiro. aliás, parece que o governo vai gastar 15 bilhões em mais material para repressão. coisa boa, não? eu não moro em comunidade, mas sempre me envolvi de uma maneira e outra em movimentos que tentam ajudar, porém é a primeira vez (desde o ano passado) que sou xingada (eu e outras companheiras) por estar ajudando os desesperados. é surreal, os caras nos xingam! eu no início fiquei pau, mas agora, caio na gargalhada. o bacana é ver a solidariedade das pessoas que, apesar de estarem numa situação absurda, ficam consternadas e dizendo para você não ligar. elas ainda acham espaço para confortar um outro. ee incrível. super bonito!
                          o melhor (se posso dizer que existe algo a ser extraído dessa barbárie) é que a violência estatal está chegando à porta da classe média porque, depois das manifestações e do apoio que o governo deu à polícia independente do que eles fizeram, os caras estão confiantes que podem tudo contra todos.
                          eu acho que não muda. não há interesse. eu tb tinha esperanças, sempre apoiei, votei, lutei por eles, pelo PT. hoje, percebi que o poder para eles é bem mais importante do que as ações que poderiam derivar desse poder. por isso, tudo continuará como dantes, mas sem o meu apoio, claro.
                            • Avatar
                              Prezada, invasão e favela não é solução para.
                              Moradia popular, eu.
                              Conheço como funciona isso, os grupos que organizam,
                              Separam as áreas
                              Nobres de frente ou esquina onde serão edificados os comércios e os
                              Aptos para
                              Futuramente serem alugados, se fizerem um levantamento talvez 10% sejam.
                              pessoas
                              Necessitadas de moradias, mas a grande maioria tem onde morar e vem de.
                              Outras comunidades.
                              Não é só entre os ricos que existe esperteza.
                              Detalhe: Não sou reacionário e apoio os
                              Programas sociais do governo e odeio o PSDB por se o atual representante institucional do atraso da falcatrua e impunidade além de defensor da esperteza dos ricos. Esse caso do helicóptero do pó é a essência e exemplo de que uma máfia esta impregnada nas instituições brasileira.
                                • Avatar
                                  palmas por repetir o bla bla bla dos políticos do governo. sim, foi muito acertada a forma como eles foram e estão sendo enxotados. crianças, mulheres, velhos, todos aproveitadores. sim, são todos aproveitadores. merecem. agora, depois que você me disse isso, e abriu os meus olhos, vou aproveitar tb e deixar de ajudar, pois, afinal, são todos aproveitadores. quem sabe, dou um chute neles tb. afinal são pobres mas aproveitadores. obrigada, por repetir o bla bla bla do Paes. aliás, mande notícias a ele. ah, não se importe a Dilma vencerá mais uma vez e com a sua trupe de governadores e prefeitos limpará o país de uma vez por todas desses aproveitadores. ainda bem que ela colocou o exército na maré, onde só vivem aproveitadores. ufa! como estou mais tranquila.
                                  P.S. e o que você diz da dona Dilma e do seu Paes que fizeram campanha em cima da fictícia compra desse mesmo imóvel, do imóvel da Oi, para o programa minha casa minha vida. seriam eles aproveitadores? ou somente os pobres, o PSDB e os outros que são?
                                  P.S. 2 - se você não sabe, o PT está no governo há 12 anos. então, acho que a responsabilidade pelo atraso e pela truculência é dele, não? mas, hey, posso estar errada e ter me enganado sobre quem e qual partido está no poder. no Rio, prefeito: aliado; vice:PT; secretário de habitação:PT. hummmmm
                                    • Avatar
                                      Pois é Lulu, as coisas estão tão estranhas, que admiro quem consegue dizer que estamos vivendo uma ditadura petralha comunista...
                                      Ninguém ta fazendo nada, eu to cansado, o Diario do Centro do Mundo ajudou a abrir bastante meus olhos, a questão do helicóptero do pó ta mexendo demais com minha paciência, assim como o Estado de Sitio permanente em que o RJ se encontra!
                                      Absurdo! Saímos da ditadura, mas parece que a ditadura não saiu de nós!
                                        • Avatar
                                          oi, Joel. Você já leu Giorgio Agamben e/ou Walter Benjamin? pergunto isso porque, pela forma que vc se expressa, imagino que a leitura seja sua companheira. bem, agamben, seguindo na trilha do filósofo alemão, diz em seu livro "Homo sacer" que a norma do mundo moderno é o estado de exceção. ou seja, vivemos em eterno estado de sítio, bem como você colocou, vide as favelas invadidas, Guantanamo, os campos de Lampedusa, a perda de privacidade e etc. essa ideia desenvolvida pelo italiano, baseia-se na tese XIII do livro Sobre o Conceito de História, de Benjamin, que se refere ao estado de exceção: “a tradição dos oprimidos nos ensina que o estado de exceção no qual vivemos é a regra”. Ou seja, você está corretíssimo. eu tb estou cansada. e, para piorar a situação, percebo que muitos aplaudem o que está acontecendo. tempos estranhos, muito estranhos.
                                          Ah, "ditadura petralha comunista"? é a epítome da burrice. se esse governo se virar mais à direita, assume de vez o fascismo.
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                                              Sou leitor da escola de Frakfurt!
                                              E Agamben é extremamente necessário para entender o mundo atual... Coloquemos aí uma pitada de Foucault e Erving Goffman, sobre a sociedade de controle... Chegamos em um bom entendimento sobre a sociedade que vivemos...
                                              Mas nenhuma teoria chega a ser tão triste como conviver com essa realidade sobre a própria pele!
                                                • Avatar
                                                  hey, girl....sorry boyfriend. somos da mesma patota, então. eu SABIA! dava para perceber que não era apenas instinto. bipolítica pura, baby. no seu estado mais bruto. o que foucault falava sobre "os inimigos sociais" e sobre o "contínuo bilógico da espécie humana", que abarca a noção de raça, e a noção de racismo que estabelece o "corte entre o que deve viver e o que deve morrer".
                                                  o triste, como vc mesmo disse, é ver a filosofia em prática. é uma realidade que entendemos desde a teoria e, por isso, as vezes, invejo os que ignoram o que realmente acontece. abs.
                                                  Viva a escola de Frankfurt!!!!!!
                                                    • Avatar
                                                      Realmente, se existem teóricos contemporâneos que se debruçaram e desdobraram críticas ferrenhas a algumas das teorias mais intocáveis da história, foram os da turma de Frankfurt, e ainda bem, pois na história da humanidade, duvido que alguém viveu em uma época com tantas contradições.
                                                      Sabemos que o mundo está complicado, e que é embaçado de aceitar as pessoas que não conseguem fazer a leitura do óbvio, que é quase 90% da população!
                                                      Mas ainda deposito fé, principalmente quando debato com pessoas como você, Lulu! Abraço!
                                                • Avatar
                                                  Coxinha sempre cobra soluções imediatas ,sobre questões centenárias pelas quais seus heróis passaram sem sequer dar uma espiadela! E para com esta cretinice,discurso politico disfarçado,estão trabalhando para resolver sim!,e condena as remoções sem motivo e aposto que o que esta ajudando é afazer tumulto,tentando atrapalhar.
                                              • Avatar
                                                Tudo esta nas mãos dos meios de comunicação ( PIG ) parido da imprensa golpista Globogolpita que conduz os eleitores para onde quer como alienados e vaquinhas de presépio poucos são os que procuram outras formas de informação, já estão dominados
                                          • Avatar
                                            Neste caso por "falta" de provas ou provas consideradas "ilícitas", os cabras foram soltos e os donos da muamba nem se quer foram intimados.
                                            E o Dirceu e o Genoíno hein, alguém teve a mesma complacência?
                                              • Avatar
                                                e nem provas existiam, ou existem.
                                                  • Avatar
                                                    Existiam sim. E eram fartas !
                                                      • Avatar
                                                        hahaahahaha não, não existiam. tanto que a Rosa Weber foi clara ao declarar o voto dela. existiam conjecturas, provas circunstanciais. existiam para a Veja, para os jornais e não para a justiça. tanto que, você pode esperar, esse castelo de areia vai ruir e barbosa e sua gangue vai ser mais desmoralizada ainda.
                                                          • Avatar
                                                            Caro Smith, além do testemunho de Roberto Jeferson, inimigo declarado de Dirceu, qual a outra prova que existe nos autos? Você poderia citar aqui. Por exemplo: algum depósito na conta dele, ou alguma conversa gravada; ou mesmo algum testemunho insuspeito? Nada. Na verdade, como alguns juristas insuspeitos declararam, Dirceu foi condenado sem prova, por razões de perseguição política ao PT. Enquanto isso, dirigentes do PSDB que receberam dinheiro de Marcus Valério, inclusive com provas materiais, continuam soltos e impunes. Alguns são até candidatos. É esta a "justiça" brasileira, que em conluio com uma mídia igualmente golpista, envergonham a nossa limitada república.
                                                        • Avatar
                                                          Nesse caso, o Ministério Público e o Judiciário "funcionam a contento" e dançam conforme a opereta do 1%. Eles são culpados até que provem o contrário e não se fala mais nisso, viu, seus esquerdistas chorõe!
                                                          • Avatar
                                                            Acho que sendo assim deveriam devolver a droga para os acusados ilegalmente. Onde já se viu!
                                                            • Avatar
                                                              Só no Brasil o meio de obtenção da prova é mais importante do que o ilícito.
                                                                • Avatar
                                                                  Li rapidamente os comentários. É impressionante a ignorância generalizada sobre as atribuições dos poderes da república: a lambança é do Ministério Público, que não pertence ao Poder Executivo, portanto nada tem a ver com o governo federal tendo inclusive competência para denunciá-lo. Ao lado do MP, tentando anular a denúncia contra os amigos do aécio, está, como sempre, o judiciário e ambos, juntos, é que montaram um tribunal de exceção para "julgar" exclusivamente militantes do PT, o qual fizeram de forma político-partidária e "condenaram" os petistas sem provas na Ação Penal 470 apelidada pela mídia de "mensalão", que nunca existiu. O Ministério da Justiça fez muito bem a parte dele no caso do helipóptero através da Polícia Federal que a ele está subordinado. Já os inquéritos policiais são PÚBLICOS por excelência, sendo raríssima as razões que justificam seu sigilo (a não ser para esconder provas que inocentavam José Dirceu, como fez o joaquim barbosa). Está claríssimo que a dupla MP/judiciário vai arquivar este flagrante de uma das maiores apreeensões de droga já feitas no mundo simplesmente porquê os perrela são amigos de aécio e estamos em ano eleitoral. Quanto ao ex-Ministro José Dirceu, ele continuará preso ilegalmente até a eternidade. Enquanto isso o réu eduardo azeredo com provas robustas contra ele está tendo direito ao duplo grau de julgalmento, negado aos réus petistas. E o trensalão dos tucanos parece que também será anulado pela dupla que protege a tucanalha: ministério público+judiciário. Provas em grande quantidade contra a corrupção da tucanalha está documentada em vários livros sobre a privataria tucana e sobre o príncipe da privataria (fhc), mas, mais uma vez, o ministério público e o judiciário fingem que a profusão de provas não existe. Esta atuação parcial, onde petistas são acusados sem provas e a tucanalha nunca é acusada de nada, pelo contrário, é protegida, faz do nosso ministério público e do nosso apequenado judiciário as instituições mais atrasadas (em suas respectivas atribuições) do mundo. Acho que nem na Uganda do sanguinário ditador Idi Amin o ministério público e o judiciário de lá eram tão parciais quanto são aqui.
                                                                  • Avatar
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                                                                    A cocaína já foi devolvida aos seus legítimos proprietários?
                                                                    Qual a medida medida judicial adequada para obter a reintegração de posse dos U$50 milhões de cocaína? Habeas corpus? No STF? :o)
                                                                    • Avatar
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                                                                        • Avatar
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                                                                            • Avatar
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                                                                              • Avatar
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                                                                                  • Avatar
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                                                                                    • Avatar
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                                                                                      Isso é o que deve ser escrito sob o símbolo do nosso atual judiciário.
                                                                                        • Avatar
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                                                                                          Pobre Brasil ! Esses judiciário e MP só são comparáveis aos de países mais atrasados do continente africano.
                                                                                            • Avatar
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                                                                                                • Avatar
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                                                                                                  Pelas barbas do profeta! ... ninguém merece!
                                                                                                    • Avatar
                                                                                                      O mais escabroso nessa estória toda é o silêncio ensurdecedor da mídia. Ninguém investigou nada, ninguém procurou familiares, parentes, amigos, etc, dos pilotos do helicóptero para entrevistar. Os Perrellas foram totalmente poupados. O que me deixa com uma pulga atrás da orelha: por que será que a mídia iria proteger um Zé Mané que nem o Perrella e ficar nessa situação vexatória? Não vale a pena. Quem será então que o PIG protege?
                                                                                                        • Avatar
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