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terça-feira, 26 de abril de 2016

TRÁFICO DE ÓRGÃOS - MATAR PARA FAZER DINHEIRO


21/02/2013 20h36 - Atualizado em 21/02/2013 20h45

‘Mataram para fazer dinheiro’, diz filho de vítima do tráfico de órgãos

Filho de pedreiro ainda se ressente com a morte do pai, ocorrida em 2001.
Família revela como foi a assinatura da autorização para transplante.

Do G1 Sul de Minas

“Eu acho que eles mataram para fazer dinheiro”, disse Júnior Aparecido Carvalho, filho do pedreiro José Domingos de Carvalho, morto em 18 de abril de 2001 emPoços de Caldas (MG), vítima da retirada ilegal de órgãos no Hospital da Santa Casa. Após a condenação de quatro médicos, acusados de homicídio doloso no caso conhecido como a Máfia dos Órgãos na cidade, a família da vítima que vive em Bandeira do Sul (MG) tenta amenizar a saudade com união e carinho, mas ainda se ressente com o caso. 
“Nós somos de família humilde e queríamos fazer caridade com a doação dos órgãos, mas eles mataram para fazer dinheiro”, disse o filho da vítima.
O pedreiro foi vítima de um aneurisma e mesmo no hospital, dizia estar preocupado com o trabalho que ainda não tinha terminado: a construção da casa do irmão Waldiney, que na época estava em fase de acabamento. “Eu o visitei no hospital, em Poços de Caldas e disse para ele ficar bom para jogarmos um futebol, mas ele disse que antes tinha que terminar a a  casa”, lembrou o irmão.
Família se revolta com perda de ente querido em Bandeira do Sul. (Foto: Reprodução EPTV)Família se revolta com perda de ente querido em Bandeira do Sul. (Foto: Reprodução EPTV)
Segundo a família, foi por causa de uma forte dor de cabeça que tudo começou. Preocupados com a falta de recursos para exames mais detalhados, José Domingos foi encaminhado do  Hospital de Bandeira do Sul para a Santa Casa de Poços de Caldas onde ficou sete dias internado antes de ser diagnosticado com morte cerebral.
No atestado de óbito assinado pelo médico neurologista Félix Gamarra, a causa da morte de José Domingos foi hemorragia cerebral e ruptura de aneurisma intracranio.  No entanto, a partir de depoimento médico, o juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, responsável pelas condenações, verificou que o paciente chegou em bom estado neurológico e consciente, mas ficou praticamente sem assistência e nenhuma monitoração.
De acordo com o juiz, ele morreu depois de permanecer vários dias na enfermaria, quando deveria ter sido levado para o Centro de Terapia Intensiva (CTI). O juiz constatou ainda que o médico que não assistiu adequadamente o paciente e posteriormente declarou a morte encefálica, tornando a vítima doadora, o que é proibido. Dele foram retirados os rins, fígado e córneas.
A família revela que durante o tempo de internação e após a morte do pedreiro, nunca viu ou recebeu os exames que ele fez. A viúva, Divina de Fátima Carvalho, conta que foi chamada ao hospital para conversar sobre a doação dos órgãos. “Eu só vi o Félix duas vezes. Quando ele vez a tomografia e quando ele disse que ele deveria ser operado dali a cinco dias, mas esta cirurgia nunca aconteceu. Me sinto culpada, porque meu marido poderia estar vivo. Eu não queria assinar. Eu relutei muito, até porque a psicóloga dizia que o que valia era a minha assinatura e não a dos outros familiares . Eu assinei um documento sem nem ler, mas que me disseram que era para a doação do coração”, contou.
O caso e as condenações
Juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro fala sobre reabertura de inquérito. (Foto: Reprodução EPTV / Michel Diogo)
Juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro fala
sobre condenação de médicos. (Foto: Reprodução
EPTV / Michel Diogo)
Uma nota divulgada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais informa que o juiz da 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas constatou afrontas à lei de transplantes, que determina que a morte encefálica deve ser constatada e registrada por médicos que não participaram das equipes de remoção e transplante. Os quatro médicos foram condenados a penas que variam entre oito e 11 anos e seis meses de prisão em regime fechado.
Outros dois médicos da cidade envolvidos no mesmo esquema ficaram fora da sentença por causa da prescrição do crime. Segundo o juiz, o oftalmologista Gérsio Zincone e o neurologista Félix Herman Gamarra Alcântara não foram julgados por causa da idade. De acordo com ele, crimes de homicídio prescrevem se não foram julgados em até 20 anos, no entanto, quando os réus possuem mais de 70 anos, este prazo cai para a metade, ou seja, 10 anos. No caso do processo envolvendo a Máfia dos Órgãos, o processo é datado de 2001 e os médicos que hoje tem 70 e 76 anos não puderam ser julgados.
Os médicos foram procurados para falar sobre o assunto, mas até esta publicação, não tinham retornado as ligações. O oftalmologista Gérsio Zincone é pai de Alexandre Crispino Zincone, um dos quatro médicos condenados.

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FONTE:
http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2013/02/mataram-para-fazer-dinheiro-diz-filho-de-vitima-do-trafico-de-orgaos.html