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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

DE CAPITÃO DO MATO À POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS - 1890 A 1950 - AS ORIGENS

Décadas I: 1890 a 1950 - As Origens

A Polícia através das décadas em Minas Gerais

1890 a 1959
           O presente registro busca resgatar de forma insofismável, os fragmentos garimpados ao longo de mais de um século da história da Polícia Civil de Minas Gerais, a partir da criação da Guarda Civil e seus desdobramentos institucionais. Nossa busca se restringirá ao alcance do cerne da polícia operacional ao longo dos tempos, com sua evolução e transformação nos métodos e procedimentos de acordo com os acontecimentos. Tentamos resgatar eventos históricos que transformaram nossa polícia em um verdadeiro camaleão para se adaptar aos revezes e às situações que lhes eram apresentados. Vamos tentar buscar o reconhecimento daqueles que ajudaram a engrandecer a Polícia Civil com o trabalho repressivo e investigativo, que lhe deram a notoriedade e destaque como uma das melhores polícias do Brasil no combate ao banditismo e à violência.


Os anos 1890 a 1910 na capital de Minas



No ano de 1895 era instalada nas imediações da atual igreja da Boa Viagem, a primeira Delegacia de Polícia de Belo Horizonte, com seu corpo de guardas, conhecida por “Força Pública”, para atender a demanda da nova capital mineira. Conforme se vê na imagem da unidade policial, era uma rústica construção de pau a pique, ainda no antigo Curral D'el Rei. Antes da criação da Guarda Civil, o policiamento na capital era realizado pelos soldados da Força Pública, que faziam o patrulhamento através da cavalaria e infantaria, o que trazia sérias conseqüências com o esvaziamento dos quartéis, prejudicando os seus serviços. A segunda foto, da esquerda, de 1896 é do arquivo do Museu Abílio Barreto e retrata o cotidiano da época. Observamos os homens em seus ternos, cadeiras de palhinha, gaiolas penduradas na parede, chão batido de uma venda.

Fotos de 12 de dezembro de 1897, na inauguração da capital mineira, à esquerda. 1910, à direita, o centro da capital visto da região do Bonfim. Os dois descampados no meio da segunda foto, lados esquerdo e direito, são respectivamente os espaços da Praça Sete e Raul Soares.


1897. A Morte em Ouro Preto

      Nos primórdios da transferência da antiga capital de Minas, Vila Rica, para Belo Horizonte, um crime marcava a antiga capital pelo mistério de suas circunstancias. O estudante paulista Carlos Prado se envolveu em uma briga com Viriato Vargas e em seguida, apareceu assassinado em Ouro Preto, sem nenhuma pista aparente, exceto o incidente que o antecedeu. O crime ganhou repercussão na cidade e a suspeita não comprovada pairou sobre Viriato Vargas, irmão do futuro presidente do Brasil, Getúlio Vargas. O crime ficou marcado na historia policial de Ouro Preto por não ter sido esclarecido, ou ocorrido a responsabilização do autor.
            Em 1904, criou-se o projeto de lei 380, assinado pelo Presidente de Minas Gerais, Francisco Sales, para a criação da Guarda Cívica, composta de civis, denominados “Vigilantes”, cuja atribuição era garantir a ordem na capital e seus municípios. No entanto, somente em outubro de 1909, com o Decreto 2654, Wenceslau Brás cria a Guarda Civil para a capital do estado. Era constituída de cem homens com um capitão, dois tenentes, dois alferes e dois inferiores que seriam retirados da Brigada Militar para comandar a nova polícia. Na realidade, o major Artur Andrade, oriundo da Guarda Civil do Rio de Janeiro foi a pessoa escolhida para assumir o comando e a organização da nova instituição policial que surgia nas alterosas. O major Andrade deu um passo importante que caracterizaria o perfil da Guarda Civil, sendo contrário à instrução militar de seus componentes, priorizando o aspecto de lições de boas maneiras, educação e cortesia para o trato do cidadão de bem.



1910. Primeiro Comando Superior da Guarda Civil, com o Major Artur Andrade no meio e em destaque.
                                                                                                              
                                         

1910 – O Início da Guarda Civil

       Em 1910 a Guarda Civil entrou em operação e suas poucas vagas eram disputadas por rapazes filhos de famílias conceituadas de Belo Horizonte e interior do estado que buscavam ter a honra de pertencer àquela corporação. Aos candidatos era exigida uma ficha comprovadamente limpa e sem máculas, critério que se perpetuou durante toda a existência da Guarda Civil e por isso lhe trouxe a credibilidade e o respeito até hoje lembrados por aqueles que tiveram o privilégio de compartilhar de suas atividades como instituição de segurança pública. O primeiro uniforme da Guarda Civil, em 1910, era brilhante, com calça e blusa azuis, boné branco, luvas e polainas de brim branco. Naquele ano, no dia 13 de janeiro, era registrada a primeira prisão da Guarda Civil, cuja reportagem no matutino da capital, expressava:
“O Guarda Civil Josino Mendes prendeu ontem, o senhor Bernardino Campanaro, cocheiro de praça, quando, em plena via pública, discutia com seu sogro, chegando ao extremo de empenhar-se em luta corporal com seu contendor, provocando o facto o acúmulo de curiosos e protestos gerais”. Um mês depois, no dia 14 de fevereiro, ocorria também, o primeiro atropelamento por automóvel registrado pela Guarda e alardeado pelo mesmo jornal: “Hoje, ás 11 horas da manhã, o automóvel de propriedade do ilustre clínico Dr. Antônio Aleixo atropelou o acadêmico Antônio Navarro, quando o jovem estudante deixava a Academia de Direito. A vítima, que sofreu ligeiras escoriações, foi cuidada pelo humanitário médico que vinha no veículo”.
       Em 1912 a Guarda Civil passa a usar um Dólmã de casimira azul ultramar, justo na cintura e trespassado na frente, gola virada com duas ordens de botões dourados que perfilavam vinte e uma estrelas. Calça e quepe do mesmo tecido e um emblema de metal amarelo, no alto uma estrela, no centro um triângulo com o número do guarda e o nome da Guarda Civil o circundando. Possuíam ainda, fornecidos pelo estado, outros adereços como a capa de brim branco, capa de oleado, duas calças de brim branco e pardo, luvas “fio de escócia”, capote, armação com palas curvas para as capas e polainas de brim branco que abotoavam no cano das botinas. O regulamento da Guarda Civil de 1912 era muito rigoroso com seus membros, a ponto de proibir a aposentadoria dos policiais. Apesar disso cresce o número de rapazes que querem ingressar em suas fileiras, incluindo aqueles que queriam cursar universidades e por essa razão, consta na história da Guarda, inúmeros médicos, engenheiros e advogados que participaram de seu quadro de respeitáveis policiais. Neste ano ocorreu o registro de um dos fatos mais lamentáveis da Guarda Civil, durante uma desinteligência entre alguns guardas e soldados do exército da 9ª companhia, que se confrontaram de maneira violenta na região central da capital, resultando nas primeiras mortes de guarda civis durante as atividades policiais. No episódio dois guardas foram feridos mortalmente pelas armas dos soldados.

1912. O Confronto entre a Guarda Civil e o Exército

       Já em 1912, foi criada a Inspetoria de Veículos, através do Decreto 3588, de 28 Maio daquele ano, cuja atribuição era a fiscalização dos veículos que surgiam na capital, das marcas Benz e Mercedes, no entanto, em sua maioria, eram carros movidos à tração animal que estacionavam na antiga Praça 12 de outubro, atual Praça Sete. Eram, ao todo, cerca de trezentos veículos entre automóveis, carroças e charretes, que até então não eram submetidos a nenhuma vistoria ou fiscalização. Este ano foi marcado, também, por uma tragédia envolvendo componentes da Guarda Civil e soldados do exército, da 9ª Companhia, movidos por um ciúme exacerbado provocado pela empatia causada pela população da Capital em relação à nova instituição policial que surgia. O incidente que deu início a rixa entre as duas corporações e culminou em uma tragédia iniciou-se no dia 25 de Maio de 1912 com a agressão havida entre um Guarda Civil e soldados da 9ª Companhia de caçadores do Exército, localizada no Barro Preto. A cidade de Belo Horizonte se destacava por ser ordeira e de pouca criminalidade e o fato causou grande repercussão na época. O Guarda André Magalhães se encontrava de serviço no Barro Preto e circulava a pé, quando foi interpelado por três soldados daquela companhia, que lhe dirigiram palavras ofensivas. Não aceitando a ofensa injusta e apesar de estar sozinho, André retrucou, revidando o ataque verbal, quando foi ameaçado em sua integridade física. O Guarda Civil, se vendo em desvantagem e na iminência de ser agredido, usou o famoso apito daquela instituição, que servia de pedido de socorro para os demais policiais que estivessem nas imediações, que ouvindo aquele som, acorriam ao companheiro em dificuldades. Os soldados do exército ao ver aquele procedimento avançaram para cima do Guarda que sacou sua arma e desferiu um tiro que acertou a barriga de um dos agressores, identificado como Francisco Fernandes, que tombou em meio a uma poça de sangue, sendo socorrido em estado grave ao Quartel no Prado Mineiro, como era conhecido.
        1913. A cavalaria da Força Pública na Praça da Liberdade, em seus primórdios. À esquerda o coreto e à direita o prédio da antiga Secretaria de Segurança Pública.
         
          No dia 27 de maio o soldado falecia em razão dos ferimentos e o Guarda André era preso pelo crime. Apesar de sua prisão, os ânimos estavam exaltados entre os milicianos e a efervescência se deu durante o enterro, quando, segundo registros de história oral, um oficial conclamou seus subordinados a uma vingança que iria eclodir no dia seguinte. Na ocasião, o Chefe de Polícia era o Dr. Américo Lopes, que, juntamente com o comandante da Companhia de caçadores, Capitão Alfredo Fonseca tentaram contornar a situação e acalmar seus subordinados. Não houve êxito nessa tentativa e o confronto foi inevitável, quando, no centro da cidade vários soldados encontraram com Guardas de serviço e iniciaram a fuzilaria que resultou na morte de dois policiais e ferimentos em um terceiro. O dia 28 de Maio teve uma noite fria e aparentemente tranquila, com grande fluxo de pessoas nas proximidades do Teatro Municipal, palco da grande “La Traviata”. De repente, saindo do nada, vários militares da 9ª Companhia, surgiram armados com suas armas bélicas, na esquina de Rua da Bahia com Goiás e iniciaram a fuzilaria contra o primeiro guarda que se encontrava de serviço no local, que caiu morto. Em razão da peça no Teatro Municipal, outros guardas também se encontravam de serviço na região e assim como o primeiro, foram caçados, espancados e fuzilados. Há registros de pessoas que conviveram com os acontecimentos, que os militares naquela ocasião, usaram de requintes de crueldade para consumação da vingança, utilizando, além das armas de fogo, baionetas, massas pesadas para fraturar os crânios dos guardas e arcos de barris para extirpar-lhes as unhas. Guardas perseguidos buscaram refúgios na Farmácia Nunam, Agencia Standart, Casa João Salles Pereira e Cine Comércio. Das proximidades do Teatro, a horda desceu a Avenida Afonso Pena em direção a Caetés, onde encontraram um guarda dentro do bonde Bonfim, que foi retirado à força, espancado, apunhalado e baleado várias vezes, ficando estirado no chão em meio a uma poça de sangue, em estado grave. Populares se incumbiam de pegar seus automóveis e passar à frente dos criminosos, avisando os demais guardas para se esconderem da fúria assassina que vinha em suas direções. 
       Apesar da revolta da população que ali se encontrava para assistir um belo espetáculo de ópera, e, não aquele que lhes era apresentado, os militares com tremenda arrogância e selvageria agrediram, ainda, alguns populares, que tentavam se defenderem fugindo do local, ou perseguindo os assassinos na tentativa de prisão. Ao tomar conhecimento da barbárie, o Dr. Américo Lopes, Chefe de Polícia, acionou a Força de Infantaria e um esquadrão de Cavalaria que conseguiu conter os criminosos que foram recolhidos ao quartel. No dia 29 de Maio ocorreu o enterro dos dois Guarda civis em clima de consternação em um dos mais concorridos féretros de policiais.

1930 - A Guarda Civil e seu Papel na Revolução


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A Companhia de Guerra

       É injusto para a história, a Polícia Civil ter tão poucos registros de sua força especial, seu braço ostensivo e eficiente durante as suas dez décadas de existência, a honrada e brava Guarda Civil. E guardar no esquecimento da mesma história, seus momentos memoráveis é enxergar uma árvore através e tão somente de sua copa com seus galhos, frutos e folhas, passando despercebidas, as suas raízes, sustentáculo para sua força e engrandecimento. Dentro desse contexto, um fato histórico merece registro pela participação importante e crucial da Guarda Civil na Revolução de 30. Para que a Guarda Civil tivesse participação ativa na revolução foi necessário que o Secretário de Segurança Pública, Dr. Odilon Braga e o Inspetor Geral, José Francisco da Fonseca, criassem dentro da própria instituição, uma tropa especial, denominada Companhia de Guerra. Os homens da Companhia de Guerra foram devidamente treinados pela Força Pública e após a rendição da tropa do 12º RI, tiveram ordens para acompanhá-la até Juiz de Fora, onde enfrentariam as tropas legais. Os guarda civis da Companhia de Guerra deslocaram de Belo Horizonte até Barbacena e em seguida para a fazenda Monte Belo de Remonta, onde se encontraram com o Capitão Maynard Gomes que comandava a ofensiva contra as forças do exército, entrincheirados nas estações de Benfica e Setembrino de Carvalho. Na mesma noite da chegada já foram para a linha de frente, onde após violento tiroteio colocaram o inimigo em retirada e assumiram a estação Benfica. No dia seguinte a companhia tomou de assalto a estação Setembrino de Carvalho onde também colocou em fuga as tropas legalistas e assumiram outra posição estratégica. A Companhia de Guerra da Guarda Civil, deslocou-se até a antiga estação de Creosotagem onde auxiliou o pelotão de cavalaria da Força Pública no embate contra as tropas do 10º RI. A batalha só teve seu fim com o içamento de uma bandeira branca pelo lado do exército, o que foi imediatamente correspondido pelo Capitão Fonseca, comandante das tropas da cavalaria e companhia de Guerra naquelas batalhas. Os oficiais do exército, levados ao QG das Forças Revolucionárias, informaram que a revolução estava no fim e que alguns generais haviam se rebelado e efetuado a prisão do presidente. A Companhia de Guerra, juntamente com a cavalaria foram para Juiz de Fora comemorar a vitória, sendo recebidos com intensa aclamação pelo povo que tomou as ruas naquele momento de verdadeiro espírito patriótico daqueles bravos guerreiros.

1930



           As fotos acima mostram: uma equipe de policiais civis, investigadores, sendo treinados em judô por Carlos Grace, o patriarca da família Grace. Dentre os investigadores, identificamos o primeiro assentado à esquerda como Tieris, o segundo é José Thiago, o pai do delegado de Ithamar Tiago. Carlos Grace está sentado no meio. Outros policiais compõem o quadro de treinandos. A outra imagem é de uma ficha policial usada pelo setor de identificação em 1930.

 

1932 – O Movimento Revolucionário 


1930. Primeiras viaturas da Guarda Civil, denominadas Socorro Policial.  

                                                                        1932. Sede da Guarda Civil 
     Também nesse momento de nossa história, a Guarda Civil se fazia presente através da Companhia de Guerra que se incorporou ao 18º Batalhão de Infantaria Provisória, comandado pelo Inspetor Geral, Major José Francisco da Fonseca. Transformou-se em 3ª Companhia e era comandada pelo chefe de divisão da Guarda Civil, José Pereira Lopes que ganhou o posto de capitão e pelos fiscais da Inspetoria de Veículos, Augusto Sebastião Rosa, Teodolino Pires Fernandes, Roque das chagas Gualberto e José Raimundo de Souza, que foram graduados como 2º tenentes. A companhia se juntou às demais tropas comandadas pelo Coronel Rabelo, em Uberaba, onde tinham a missão de invadir São Paulo através da ponte do Delta. Naquela investida ocorreu um problema de ordem estratégica e logística, a falta de uma tropa com metralhadoras pesadas, o que diminuiria muito o poder de fogo das tropas mineiras. O comandante do destacamento local emprestou duas metralhadoras já bem desgastadas pelo tempo e uso em instruções, que foram entregues ao fiscal da Inspetoria de veículos (agora tenente) José Raimundo de Souza para desmontagem, limpeza e remontagem. Após algumas horas de trabalho exaustivo, José Raimundo entregou as duas metralhadoras com 7200 cartuchos, em condições satisfatórias para a batalha que estava por vir. As tropas se dirigiram para o estado de São Paulo, atravessando o Rio Grande, tendo a 3ª Companhia estacionado nas dependências da Usina Junqueira. Posteriormente, a usina foi entregue ao destacamento do Coronel Mendes Teixeira e a 3ª Companhia seguiu em marcha na direção das cidades de Igarapava e Ituverava que foram dominadas. Ribeirão Preto foi o último reduto de revoltosos invadido pela 3ª Companhia, onde ocorreu a fuga dos inimigos. Há que se salientar nesse episódio a homenagem da prefeitura de Taquaratinga ao fiscal da inspetoria de veículos, Augusto Sebastião Rosa, naquela ocasião ocupando a patente de tenente: 

          “Regressando a esta cidade o senhor tenente Rosa, com a força que aqui comandou por alguns dias, sinto-me no dever de salientar a maneira correta com que se conduziu, de maneira que, durante os dias que aqui esteve com sua tropa, não se teve a registrar um só incidente desagradável. Deixa por isso, esse distinto oficial que honra a Força Pública Mineira, um largo círculo de simpatia nesta cidade, simpatia que é extensiva aos seus soldados, pela disciplina com que se comportaram. Dr. F. de Arôa Leão, Governador”.
 O elogio se deve, na verdade, ao grande rigor na seleção e na disciplina que era imposta aos Guarda Civis, demonstrando toda a sua gentileza, educação, caráter e respeito aos cidadãos, ainda que em “tempo e zona de guerra”. Em 29 de outubro de 1932 a Companhia de Guerra foi desmobilizada e os Guarda Civis retornaram às suas atividades de policiamento.

1937. Caso Irmãos Naves. O Grande Erro Judiciário Brasileiro.


                         A capital nos idos da década de 30 e o filme sobre a saga dos irmãos Naves.
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       Um dos maiores erros judiciários, levado a termo pela incompetência da polícia, do Ministério Público e judiciário ocorreu no interior de Minas Gerais, na cidade de Araguari, final da década de 30. Tudo começou com uma pequena sociedade entre os primos Benedito Pereira Caetano e os irmãos Sebastião José Naves e Joaquim Rosa Naves na compra de um caminhão para melhor distribuir a produção dos cereais que comercializavam. Era o ano de 1937, pós crise de 30, em pleno Estado Novo e muita dificuldade para se ganhar dinheiro. Diante de todas essas intempéries, compraram uma grande quantidade de sacas de arroz, com a esperança de ganho com a esperada alta de preço. Triste sina daqueles comerciantes. Ao contrário do que se esperava, os preços caíram acentuadamente, acarretando um enorme prejuízo com a perda e gerando uma dívida em torno de 136 contos de réis. A venda do arroz com preço reduzido rendeu cerca de 90 contos de réis. Benedito fugiu na madrugada do dia 29 para 30 de novembro de 1937 com o dinheiro arrecadado. Os irmãos Naves ao desconfiarem que o primo Benedito estava tentando lhes dar o calote, procuraram a polícia para registrar a suspeita. As investigações do caso tiveram início com um delegado “calça curta” civil, nome dado às pessoas que eram escolhidas politicamente para assumir funções da autoridade policial. Diante da repercussão do caso, ele foi afastado, sendo designado o tenente da Polícia Militar Francisco Vieira dos Santos, o "Chico Vieira" que veio da capital, especialmente designado para o caso. Este policial militar era conhecido por sua atuação violenta e as torturas que usava como meio de “investigar” os crimes.

       Abaixo, da esquerda para direita: Ten. Francisco Vieira dos Santos, Benedito Pereira Caetano, Joaquim Naves, Sebastião Naves e o livro sobre o grande erro.
A suspeita de "Chico Vieira" vira realidade.
        Assim que chegou em Araguari, o tenente “iniciou suas investigações” e conjecturou a possibilidade dos irmãos Naves terem simulado a fuga do primo com os 90 contos de réis da safra de arroz da sociedade. Na verdade, pensava o militar, tratava-se de um assassinato, um latrocínio previamente engendrado pelos dois irmãos para roubar toda a importancia arrecada com a venda do arroz. Verdade pensada, verdade sabida. Com aquela suposição e “vertente investigatória”, iniciava-se um dos mais covardes e cruéis atos de polícia, referendado posteriormente pelo Ministério Público e Judiciário.
      Em um período político da história brasileira onde se permitia tudo em prol da busca de uma “verdade”, "Chico Vieira" determina aos seus comandados que efetuassem a prisão dos “suspeitos” e iniciassem uma ´serie de interrogatórios que buscassem a confissão do crime.
      “Durante meses inteiros, "Chico Vieira" e seus comandados submetem os irmãos Naves a torturas medievais diversas para que confessassem onde e por que razão eles teriam matado Benedito e escondido seu dinheiro para resgatá-lo depois. Além das torturas diárias eles eram alojados em celas subterrâneas imundas e em péssimo estado de conservação, privados de água, comida, visitas e até mesmo de luz do sol. Confinados ao escuro de um crime que sequer tenha ocorrido, por um homem louco ou cruel, que faria de tudo para "espremer sangue de um nabo" para assim obter uma prova formal - ainda que falsa - de que Sebastião e Joaquim eram ladrões e assassinos. Não bastando sua sanha diabólica para com estes por meio das torturas, o militar ordena que Joaquim e Sebastião sejam levados a um campo aberto, onde sofrem ainda mais: ambos são amarrados a árvores e tendo seus corpos untados com mel para serem atacados por abelhas e formigas, ouvindo tiros e ameaças constantes de morte, a fim de esgotar as forças físicas e morais de ambos. Mesmo tendo conseguido forçar os irmãos a assinar uma "confissão" formal do crime ele ordena que as esposas, filhos e até mesmo a velha mãe dos mesmos, Ana Rosa Naves, chamada afetivamente de "Don'Ana" (1866 - 1963) pelos conhecidos da cidade, sejam presos e trazidos para suas celas. As esposas e a genitora dos Naves também sofrem torturas diversas, sexuais até, nas mãos do perverso "Chico Vieira" e seus soldados. Nestes longos e cruéis meses a velhinha sempre pediu que os filhos nunca confessassem o crime que não cometeram, haja o que houvesse. Vendo que a velhinha não se curvaria e dela não extrairia nenhuma informação que comprometesse os supostos "culpados", o tenente Vieira colocou-a sob liberdade vigiada. Ela procura pelo advogado João Alamy Filho (1908 - 1993), que de início acreditava na suposição do tenente na qual os Naves aparecem como assassinos e por essa razão recusava-se a exercer sua defesa. Mas, ao ver o estado lamentável de "Don'Ana", resultado das torturas e violências que ela sofrera, João passa de acusador a defensor em tempo recorde.” (Wickpédia).

O Inquérito Policial e os julgamentos

       De posse da confissão obtida sob intensa tortura, "Chico Vieira" cria um desastroso inquérito policial, sem provas concretas da realidade sobre o desaparecimento de Benedito, sem corpo de delito e eivado de nulidades. Nos autos, os irmãos Naves e a genitora Ana Rosa Naves, são indiciados. Apesar de todas as falhas e inconsistências verificadas, o promotor de Araguari aceita a versão apresentada e denuncia os dois irmãos. O juiz, lava as mãos e também, irresponsavelmente compactua com o “lixo” processual que lhe é apresentado e pronuncia os dois irmãos, impronunciando a mãe. João Alamy Filho, o diligente advogado, não sucumbe às pressões e intimidações que passa a sofrer por parte de "Chico Vieira" e faz um trabalho de defesa brilhante, com diversos recursos impetrados para provar a inocencia de seus constituintes.
Sebastião Naves: “Na cidade, está todo mundo contra nós. Nós nem sabe o que o delegado pode fazer contra nós”.
Ana Rosa Naves disse durante seu depoimento em juízo: “É tudo mentira nos papel”. O juiz a manda calar.
Advogado João Alamy Filho ao tentar argumentar com o juiz: “Veja por si mesmo, eles estão sendo torturados na cadeia.”
Resposta do juiz aos argumentos legais do advogado: “Não posso ir ver, pode ser perigoso, os instrumentos legais enfrentaram a violência, os atos processuais têm seu tempo”.
       Em 1938, diante de diversos testemunhos de presos, a triste realidade começa a surgir e as sessões medievais de tortura vem a público. Com seis votos favoráveis, o júri decide pela absolvição dos irmãos Naves. Foram levados a júri por duas vezes e duas vezes absolvidos. No entanto, a incompetência jurídica e o inconsequente erro do judiciário, não ficaria adstrito àquela comarca de Araguari. O Ministério Público recorre da decisão do júri. O Brasil vivia sob o jugo de uma constituição ditatorial, criada em 1937 e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais passa por cima da decisão do júri e condena Sebastião Naves e Joaquim Naves a 25 anos de prisão. Gravava-se naquela ocasião, nos anais do judiciário, a mais negra e covarde sentença de sua história. A pena foi revisada posteriormente e ganhou redução para 16 anos. Após 8 anos de reclusão os dois irmãos conseguem a liberdade condicional. Três anos depois, “Chico Vieira” morria de um aneurisma cerebral, em 1948. Por causa das torturas sofridas, Joaquim Naves foi internado no asilo São Vicente de Paula e morre em agosto do mesmo ano, como um “criminoso indigente”.

A busca da verdade

       Sebastião Naves, em liberdade e diante da tragédia que se abatera sobre sua família, não se conformava com tanta humilhação e sofrimento e iniciou uma jornada para tentar provar sua inocência e de seu irmão, agora falecido. Passou a buscar informações com seus parentes da região e aqueles mais distantes, sobre a possibilidade de localização de Benedito Caetano. Sua “via crucis”, tomando como base de linha de tempo, o “desaparecimento” de Benedito em 1937, teria fim em julho de 1952, quinze anos após, quando recebeu a informação de seu primo, conhecido por “Zé Prontidão”, da presença de Benedito Caetano na casa de seus pais, na cidade de Nova Ponte.
       Benedito foi localizado e levado para Araguari por policiais daquela comarca, alegando desconhecer toda a história que envolvia seus primos, após fugir com o dinheiro da safra de arroz. Sua família, convocada para oitiva em novos depoimentos sobre o caso, morre durante o trajeto, em um acidente aéreo. Em 1953 os irmãos Sebastião e Joaquim Naves são definitivamente inocentados e em 1960, o advogado João Alamy Filho conseguiu processar o estado e obter uma indenização para a família Naves.
       O grande jurista Evandro Lins e Silva fez um registro sobre o processo irmãos Naves que resume em uma grande verdade: “Cada erro teve a sua razão, mas a revisão posterior não lhes deu a vida de volta”.

          1939 – A Primeira Investigadora de Minas 

          Foto da Praça Raul Soares, na década de 40. No jornal Folha de Minas, de 20 de dezembro de 1939 registrava a formatura da primeira investigadora da Polícia Civil de Minas Gerais, na Escola de Polícia “Raphael Magalhães”. A senhorinha Maria José assistiu ao discurso do Diretor Gilberto Porto e foi designada para trabalhar em uma das delegacias especializadas da Polícia Central. Carlos Grace, na outra foto, já no final da década de 30, permanece na Escola Raphael Magalhães como instrutor de judo e defesa pessoal dos policiais civis. 


22/6/1946: Fonte Estado de Minas

“Guarda-civil apunhalado por um demente”.

“O louco criminoso agitou uma pensão da Rua da Bahia”.
                  Trata-se da primeira matéria jornalística da cronica policial mineira que se tem registro, noticiando uma agressão grave contra um policial em serviço. Um louco do estado da Bahia hospedou-se em uma pensão do mesmo nome e durante a noite ficou enfurecido, quebrando tudo que via à sua frente. A guarnição da Guarda Civil, chefiada por João Lourival Fourreaux foi ao local com cinco integrantes, quando o louco foi para cima dos policiais com um punhal, acertando o Guarda João de Deus Castro no pulmão. O doido sofreu fratura craniana durante a resistência à prisão.



Praça da Liberdade e Av. Augusto de Lima (Souza Cruz), princípio dos anos 40.

1946 - O Caso do Parque

       Um dos grandes crimes que ganhou as páginas das crônicas policiais na década de 40 foi o chamado “CASO DO PARQUE”. Naquela época, o Parque Municipal ocupava uma área bem mais abrangente, atingindo o espaço onde atualmente se localizam vários hospitais, como o IPSEMG, o Hemominas e outros, fazendo confrontações com a Avenida Alfredo Balena. Também a sua fauna era mais densa, o que facilitou ter se tornado o point de encontro de homossexuais da alta sociedade mineira, desprovida, na ocasião, de lugares apropriados para esse tipo de encontro, como os motéis, saunas gays e outros. Dentro desse contexto, como era de se esperar, o Parque tornou-se também, espaço para roubos e assassinatos diante da fragilidade e do alto poder aquisitivo das vítimas frequentadoras daquele ambiente. No dia 5 de dezembro de 1946, estudantes do Instituto de Identificação encontrariam um quadro macabro entre as árvores e vegetação que marcaria a história criminal da capital mineira. Um cadáver ensanguentado com ferimentos pelo corpo. Policiais civis iniciaram seus trabalhos e rapidamente identificaram a vítima, o engenheiro paulista, Luis Gonçalves Delgado. “A polícia mineira, após a identificação do morto, inicia suas investigações pelo modo mais prático: primeiramente localiza seus familiares, amigos e colegas de trabalho para levantar a vida pregressa do rapaz assassinado. Uma de suas primeiras descobertas levanta um segredo bastante bem escondido pelo véu diáfano da fantasia: Delgado, apesar de sua aparência máscula, levava vida homossexual ativa, frequentando assiduamente o parque, especialmente um local famoso nos meios entendidos: o "recanto das maravilhas". A imprensa logo informa a seus leitores que, dentre os frequentadores mais famosos de tal recanto, os mais ilustres personagens são "Jasmim", "Trenzinho do Luar", "Perfume da Madrugada", "Dorian Gray", "Veludo da Noite", "Bunda de Cetim", "Messalina", "Pompom Grená"e "Bombonzinho". Como é normal acontecer em casos de repercussão ou que envolvem os holofotes, a mídia passou a responsabilizar os policiais da Delegacia de Segurança Pessoal e a Polícia Civil pela demora na apuração. Os policiais foram acusados pela imprensa de desídia por falhas técnicas em relação à falta de perícia no local do crime, o desaparecimento no necrotério das roupas ensanguentadas da vítima e ainda uma vertente de favorecimento a um cidadão da alta sociedade mineira, suspeito do crime.
       O primeiro suspeito apontados pela polícia foi Nicanor Pereira da Silva, filho da empregada da vítima, que teria sido submetido a interrogatórios sob agressões violentas, negando peremptoriamente a autoria. Por falta de provas foi colocado em liberdade, no entanto, saiu psicologicamente transtornado, cortando sua veia jugular com uma navalha. Seu suicídio colocou mais lenha na imprensa, com repercussão nacional em relação ao crime e os diversos boatos. No ano de 1948 surge novo suspeito, o bailarino Paulo Gomes de Matos, acusado por sua mulher Iolanda Monteiro. Preso, foi submetido a interrogatórios com uso da violência rotineira da época, mas também negou o crime, sendo colocado em liberdade por falta de provas. 
       Vários policiais de renome na década de 40 participaram das investigações que iam paulatinamente sendo promovidas de acordo com o passar do tempo. Destacaram-se os delegados Luiz Soares da Rocha, Orlando Moretzhon, Gilberto Porto, Aristides Pinho, Sílvio de Carvalho, Osvaldo Machado, Mário Pinto Correia e o detetive Alfredo Zuquim. Ele foi o primeiro investigador mineiro a ganhar as páginas dos jornais pela sua competência e a astúcia para desvendar crimes difíceis, além de sua elegância no vestir. No mês de março de 1953 uma declaração bombástica trás novamente à tona o “Crime do Parque”. Yeda Lúcia Ribas, filha de um rico empreiteiro, denuncia seu marido Décio Escobar como autor do assassinato. Ele, poeta conhecido pela alta sociedade de Belo Horizonte e diplomata da embaixada brasileira de La Paz, na Bolívia. O motivo: desinteligência em um relacionamento homossexual com a vítima. Apesar das investigações e o grande rol de suspeitos, o crime só seria desvendado com essa ajuda de Yedda Lúcia Ribas Escobar, esposa do poeta. O delegado Mário Pinto Correia, após oitiva da testemunha, representa pela prisão preventiva de Escobar, sendo de imediato, decretada pela justiça. Décio Escobar foi preso no aeroporto da Pampulha, quando regressava de La Paz. Logo após sua prisão, as testemunhas Duílio Severino, Maria do Nascimento, Dirceu Andreotti e Flávio Stockler surgiram para incriminar o poeta Escobar. 
                  Nas fotos: 1) o suspeito de assassinato. o poeta Décio Escobar. 2) Alfredo Zuquin, o inteligente investigador que participou ativamente do caso em reconstituição no Parque Municipal. 3) Décio Escobar sendo julgado, no grande teatro que se tornou seu julgamento, escoltado pelo Guarda Civil José Madalena.
       Em 23 de abril de 1954, um ano após sua prisão, Décio Escobar é levado a júri, no antigo Fórum Lafaiette, na Rua Goiás, com plenário repleto e uma multidão de curiosos do Aldo de fora. O julgamento foi presidido pelo juiz Joaquim Henrique Furtado de Mendonça e na acusação, o promotor Arnaldo Sena, acompanhado pelo assistente de acusação, o famoso jurista Pedro Aleixo. Na defesa os não menos famosos advogados João Pimenta da Veiga, Antônio Carlos de Andrada, Mário Veiga, Ney Messias e Hely Costa do Rio Grande do Sul. Yeda Lúcia foi a primeira testemunha a depor. 

         “Muito elegante em um tailheur cinza, com olhos absolutamente duros e frios, com uma calma que enervava a platéia, confirmou todos os seus depoimentos anteriores: que o marido era homossexual, frequentador de um cabaré de péssimo ambiente em La Paz de nome "Gato que Fuma" frequentado por invertidos e pela fina flor da marginália local”. 
         
           Às altas horas, a maioria dormia a sono solto, muitos roncando. Quando chegava a fome, o Fórum se transformava em um piquenique. O mais estranho era que o réu às vezes se levantava e saía tranquilamente do tribunal, chegando mesmo a ir a um boteco próximo para beber um copo de leite, para escândalo dos repórteres cariocas e paulistas que cobriam o julgamento. De repente um frisson no populacho: Pimenta da Veiga, no alto de sua imponência, começa sua defesa do réu. De maneira clara e objetiva, vai derrubando todas as acusações contra seu cliente, instalando a dúvida nos jurados. Em síntese, ele lhes perguntava:
·                          Por que a esposa do acusado demorara tanto tempo para efetuar sua acusação, se eles já estavam separados há muito tempo?
·                          Por que a esposa, mesmo após a separação, escrevera cartas de amor ao réu, começando por "meu amor" e terminando com "da sempre tua, Yeda"?
·                          Por que as investigações relacionadas com o bailarino foram abandonadas pela polícia tão cedo?
·                          Por que Escobar teria que se encontrar com Delgado no interior do parque, se eram vizinhos no bairro Serra?
·                          Como poderia Décio Escobar, ex-tuberculoso, de compleição franzina, não pesando nem sessenta quilos, e sozinho, ser o autor de 27 facadas em Delgado, um homem parrudão e chegado a exercícios físicos?
       Às oito horas do domingo, foi lido o resultado do julgamento. Décio Escobar, então já denominado pela imprensa o “Dorian Gray das Alterosas”, foi considerado inocente por cinco jurados contra dois que o consideraram culpado. Foi a senha para cenas de histeria coletiva, a multidão aplaudindo freneticamente o resultado. Dona Diva, a "heroína", foi carregada em êxtase pela multidão, enquanto Décio, frente a um microfone, declamava o poema de Carlos Drummond de Andrade "E Agora, José?”. De forma sarcástica, ironizava o belo trabalho de investigação da Polícia Civil.
       Na realidade, era a investigação da Polícia Civil contra um réu de grande influencia social e o trabalho de defesa de um dos mais inteligentes juristas brasileiros de todos os tempos, Pedro Aleixo. Resultado: absolvição de um culpado.
“A primeira grande surpresa que tive ao começar a trabalhar no livro foi descobrir essa rede social de homossexuais que se formou no Parque Municipal e o seu próprio código. Não imaginava que pudesse existir um lugar como este e que seria tão determinante na história. O que me despertou a atenção foi usar o crime para explicar a formação dessa rede na cidade”. "Paraíso das Maravilhas".

Luiz Morando - 2008. O escritor Luiz Morando recentemente lançou um livro sobre o crime e seus personagens, tendo como título, a alcunha do Parque Municipal naquele período, “O Paraíso das Maravilhas”.
       No final da década de 60, Décio Escobar experimentava a mesma sorte de Luis Delgado, assassinado por garotos de programa no Rio de Janeiro, refúgio encontrado após os desatinos em Minas ( Outras informações em "Década de 60/ O crime do Candelabro).


1948. A Criação da Rádio Patrulha
                                                         

         O Chefe de Polícia Campos Christo foi um dos administradores vanguardistas de sua época, implementando várias inovações na área de segurança pública. Foi também o responsável pela criação das primeiras equipes de rondas ostensivas na Capital, a Rádio Patrulha, composta por Guarda Civis que utilizavam as antigas GMC para suas incursões na busca de delinquentes. A Rádio Patrulha iria ter sua existência de competentes trabalhos policiais até o final da década de 60, quando um Decreto do Presidente Castelo Branco extinguiu a Guarda Civil. No final dos anos 40, Campos Christo assumiu a Chefia de Polícia Civil de Minas Gerais, dando uma dinâmica moderna e inovadora ao aspecto de segurança pública no estado. 

 Fotos de 1948 e 1949 (acima e abaixo): Cúpula da Polícia Civil em visita ao Memorial do policial morto no cumprimento do dever legal. Cemitério do Bonfim, junto com formandos da Academia de Polícia. Guarda de Transito na Avenida Afonso Pena. A aula inaugural da turma de médicos legistas, com o Chefe de Polícia Campos Christo na Escola Raphael Magalhães. Christo cumprimenta formando. Guardas do DET. Crianças, familiares e Chefe de Polícia visitam os policiais mortos no Cemitério do Bonfim, durante o natal. Christo com filhos de policiais no Natal de 1949. 
       Era tradição da Chefia de Polícia e membros da administração homenagearem os heróis mortos. As homenagens incluíam a visita de aspirantes em curso na Escola de Polícia "Raphael Magalhães" aos túmulos dos policiais sepultados no jazigo da instituição, tombados no cumprimento de sua missão. A administração superior reunia também seu staff, familiares e filhos de policiais para a justa homenagem no Cemitério do Bonfim, geralmente em período natalino. Apos as visitas era realizada a festa de natal para as crianças com distribuição de brinquedos e roupas. 





A Turma de 1949
        Em 1949, a Escola de Polícia Raphael Magalhães forma uma de suas primeiras turmas de policiais civis, com investigadores, médicos legistas, delegados e outras carreiras. Grandes policiais que teriam destaque na história na Polícia Civil participaram daquela turma de formandos, que teve como paraninfo Juscelino Kubitschek de Oliveira. Na solenidade de formatura foram homenageados o Chefe de Polícia Campos Christo e o delegado Davidson Pimenta da Rocha. Dentre os nomes que podemos registrar, destacamos: Getúlio de Castro Vidigal, João Batista, Ataídes Francisco Freitas, Solon P. Silva Júnior, Altamiro de Resende, Geraldo Alvim Pereira, Ali de Pinho, Cláudio Silva, Alberto "Bolacha", Francisco Schutzen, Geraldo Wupschllander Lage, Ismael Francisco Dias, Joaquim Jacques Pereira, Raimundo Barbosa, Antonio Francisco Grossi, Raimundo Barbosa, Edgard Romualdo e José da Costa.


1949. O Crime de Marcha Ré

       Informações completas na Seção "Artigos Diversos/ O Crime de Marcha Ré/Luiz Soares da Rocha, onde o relatório do delegado sobre o o assassinato e o julgamento, são descritos com riquezas de detalhes.


Polícia Civil-1947/1950

       "É com satisfação que se pode assinalar a manutenção da ordem pública nesta capital e em todo o território mineiro. Se um outro episódio interrompeu, momentaneamente, em algum ponto do estado a tranqüilidade reinante, fácil foi restabelecê-la, graças à compreensão que nosso povo procura acatar e prestigiar a autoridade constituída. Retornando ao regime democrático e experimentando as naturais mutações daí decorrentes, na capital e no interior, o povo vem encontrando na ação da Polícia Civil, garantia para exercer seus direitos, trabalhar e produzir num ambiente de paz e de ordem."
“É reconfortador o reconhecimento da Justiça Eleitoral do Estado, através de seu mais alto tribunal, assim como dos partidos políticos, da imprensa e daqueles que receberam do povo, os honrosos mandatos de que estão investidos. Com a mesma elevação e possuída da humana compreensão de seus deveres, tem a Polícia Civil atuado em circunstancias diversas, nesta capital, nas cidades do interior e nos lugares mais longínquos, procurando retificar preconceitos que lhe tolhiam a atividade, e conquistar a estima pública, elemento decisivo para o êxito da ação policial”. Organização dos Serviços Policiais -1947/1950. 1948. Texto em relação à atuação da Polícia Civil.

Anos 50.

          Na década de 50, a partir do “milagre brasileiro”, tem início a uma transformação na sociedade brasileira que atingiria a questão da segurança pública e mudanças drásticas no modelo econômico existente. O desenvolvimento industrial se concentra primordialmente nos grandes centros urbanos e com ele a migração desenfreada do homem do interior para as capitais em busca de melhores condições de vida. O êxodo rural se deveu também às péssimas condições de vida no campo. Chegando à capital, o homem do meio rural, sem qualificação, não conseguia colocação no mercado industrial em expansão e era aproveitado apenas em subempregos, o que ensejou o surgimento de favelas na periferia de Belo Horizonte e outras capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. Sem saneamento básico, condições deploráveis de moradias, desigualdade social e de miserabilidade, instala-se paralelamente a violência e criminalidade em escala ascendente.
1951. Delegado Sérgio Francisco de Freitas e seu pai.  1955. Inspetor Raimundo Barbosa Duarte e outros policiais. Ele foi pai do policial Adão Barbosa, o Inspetor "Adão Pezão". 1958. Inauguração do DI. 1959. Wander e Airton Reis de Carvalho: a elegância dos investigadores no Hotel Chantecler.




A morte no Palacete
          Em 4 de novembro de 1957, mais um crime abalava a sociedade mineira. No palacete localizado na Rua Olegário Maciel, 1704, Bairro de Lourdes, nas proximidades do atual Diamond Mall, o milionário comerciante Azis Abras era assassinado dentro de sua mansão. As primeiras investigações apontavam a empregada da vítima, Perildes da Conceição Pereira, como suspeita, apesar do longo tempo que trabalhava com a família. Com o prosseguimento dos trabalhos policiais, o libanês Joseph Basile Khoury foi identificado e indiciado como autor do assassinato, sendo denunciado, somente em 1976, cerca de 20 anos apos o crime. Para não ser responsabilizado pelo homicídio, Joseph fugiu para o Líbano, logo após o assassinato. A perícia constatou no local do encontro do cadáver, a presença de um cassetete e uma cadeira, usados nas agressões fatais. O cassetete, com marcas de sangue, foi encontrado na casa do libanês. O motivo do crime seria passional, em razão do milionário não deixar que o assassino namorasse com sua filha. Em 1977 ocorreu a prescrição do crime sem o julgamento do criminoso.

A REVOLUÇÃO NA SEGURANÇA E AS MUDANÇAS NO GOVERNO BIAS FORTES
          No final da década de 50, opera-se uma clara mudança na área de segurança pública em minas Gerais, a partir da visão vanguardista de um grande estadista, o Governador Bias Fortes e seu Secretário de Segurança, Paulo Pinheiro Chagas, um escritor deputado. As inovações foram motivo de uma reportagem de destaque da Revista "O Cruzeiro", de 1958, que estampava em várias páginas, as inovações e investimentos, como nunca se ouvira em outras administrações.
"A experiência do Governador Bias Fortes, levou-o a escolher o Deputado e Escritor Paulo Pinheiro Chagas para a Secretaria de Segurança de Minas Gerais. A aplicação, o senso de responsabilidade e o conhecimento desse ilustre homem público, levaram-no a fazer de uma polícia irrisória, uma das melhores do país, com equipagem moderna e material humano em permanente ascensão". Revista "O Cruzeiro de 5 de julho de 1958.
Algumas das imagens abaixo são creditadas à Revista "O Cruzeiro" e retiradas da reportagem que reconheceu os méritos de uma administração e sua polícia a partir de um momento histórico.







          A visão do Secretário Paulo Pinheiro Chagas abrangia o planejamento e reestruturação em todas as áreas da segurança pública, conforme observamos nas fotos acima. Transformou as atividades de polícia especializada, com a criação de ostentosos prédios para Departamentos de ponta. Aumentou o número de Distritos Policiais na capital, renovou consideravelmente a frota de veículos para a Guarda Civil, com a aquisição das "modernas" GMC. Também motos Harlley Davidson e caminhão pipa para apoio em desastres e incêndios passaram a fazer parte da logística policial. Lançou também a maquete e o projeto da futura sede do Hospital de Pronto Socorro, o antigo HPS, dentre tantas outras obras que não ficaram apenas nas ideias esparsas e falácias de muitos governantes.


1956/1958 - CONSTRUÇÃO DO DI E DOPS
          Abaixo registramos em primeiro plano, a foto de Goes, em 1955, onde o Conjunto IAPI está em construção e o local onde seria construído o Departamento de Investigações. As outras fotos registram o DI em construção, a Avenida Antonio Carlos, esquina com Formiga, nos anos 50.


1958 - AS INAUGURAÇÕES DOS NOVOS PRÉDIOS DO DI E DOPS.
        Atentos à mudança no comportamento social e nas diversas nuanças da criminalidade, foram criados dois Departamentos de ponta, com a construção de modernos prédios para atender as novas necessidades da polícia investigativa. Foram inaugurados pelo Presidente Juscelino Kubitscheck, na Avenida Antonio Carlos, Bairro São Cristovão e Avenida Afonso Pena, Bairro Funcionários. O Departamento de Investigações (DI) e Departamento de Ordem Política social (DOPS). A polícia abria frente a um novo tipo de atuação na área de investigações especializadas. Dentro da mesma filosofia de modernização da polícia, também era inaugurado o prédio de linhas modernas, na Avenida João Pinheiro, onde se instalava o DET, atual DETRAN. O dia 14 de junho de 1958 marcou a data de inauguração do prédio do Departamento de Investigações com a presença de do presidente JK, Governador José Francisco Bias Fortes, Secretário de Segurança Paulo Pinheiro Chagas, o primeiro chefe do novo DI, Helvécio Antonio Horta Arantes, Prefeito Celso Azevedo, General Newton O’ Relly de Souza, Celso Machado, diretor da Imprensa Oficial, Coronel Manuel Assumpção de Souza, comandante da PM, Ribeiro Pena da Secretaria do Interior, Álvaro Marcílio, da Agricultura, Feliciano Pena da Aviação, além de várias outras autoridades da Capital. As duas fotos retratam os dois novos órgãos (DI e DOPS) no final dos anos 50

   A Avenida Antonio Carlos, em frente ao DI e o seu entorno ficaram abarrotados de pessoas que se acotovelavam para assistir a inauguração e a “pedra fundamental” de uma nova polícia. A formação de diversos policiais (Guarda Civil e Trânsito) enfileirados com seus uniformes de gala e as inúmeras viaturas recém compradas para a estruturação da Polícia Civil (unidades investigativas, Guarda Civil e Fiscalização de Transito) ajudavam a compor o belo cenário de inauguração. O padre Carlos Vaz de Melo deu a benção às novas instalações. A primeira equipe de plantão tinha como delegado Waldir Leite Pena, Inspetor Nilo Seabra, escrivão Dalmi Guarani Moreira, escrevente Waldemir Silva Leite, e o Guarda Civil Cícero Alves Duarte que atuava como prontidão. Os modernos xadrezes foram inaugurados com a prisão do batedor de carteiras Valdemar dos Santos, efetuada pelo Guarda Civil Manoel Pina Cardoso, quando o larápio tentara furtar a bolsa da senhorinha, filha do médico Mário de Castro, em plena Avenida Afonso Pena.


1958- Manual de Instruções da Guarda Civil

Nesse ano a Guarda Civil recebe o novo Manual de instruções, com alterações em relação aos anteriores, onde busca se adequar a legislação e aspectos procedimentais de respeito ao cidadão, que entendo de relevância histórica. O autor Carlos Soares de Moura era o chefe do Departamento da Guarda Civil.
"A conduta irrepreensível, no sentido moral, impõe-se à simpatia, ao respeito e à confiança, elementos que muito podem auxiliar o Guarda no cumprimento de sua missão, evitando-lhe muita vez, dificuldades e vexame”.
“Para progredir, é preciso, antes de tudo, compenetrar-se do valor da missão, da importância dos seus serviços, lembrando-se sempre que nenhuma profissão séria deve ser considerada simplesmente como meio de vida por quem a exerce, mas também como função social tão necessária como outra qualquer, e, por conseguinte, igualmente digna de respeito."

Obrigações Gerais

“Como homem precisa ser honrado, sem vícios, bem comportado, sensato, humanitário e atencioso, como guarda, deve ser cumpridor escrupuloso de todos os seus deveres, por mais insignificantes que estes lhe pareçam, tais deveres são inúmeros”.

Camaradagem

“Todos os Guardas devem manter entre si a máxima cordialidade e a mais íntima camaradagem. Cordialidade e camaradagem não autorizam, entretanto, as faltas cometidas por um Guarda em prejuízo do prestígio da autoridade e da corporação”.

Moralidade e Honradez

“Já está estabelecido que o Guarda deve ser honrado, de boa conduta e isento de vícios. A honradez e moralidade são de fato imprescindíveis. São qualidades que todo homem devia possuir; são requisitos que o guarda deve preencher e que é obrigado a preencher”.


Informações

Quando algum particular lhe dirigir a palavra, deverá ouvi-lo com toda a atenção e responder-lhe discretamente, nunca entretendo conversação. Qualquer informação que se lhe peça deve ser dada sempre que possa, uma vez que não seja para atender a perguntas inconvenientes, ociosas ou imorais”.

Cuidado Pessoal

“O Guarda deverá ter o maior capricho no asseio e composição do uniforme e seus acessórios. Para manter e conservar o asseio corporal deve tomar banho em geral, com sabão, diariamente. Obrigatoriamente aparará o cabelo de quinze em quinze dias e barbear-se-á, diariamente, salvo se não houver necessidade. O uniforme não deve ter manchas nem rasgões, o calçado deve estar cuidadosamente lustrado”.

Desastre

“Sempre que ocorrer desastre, estando compreendido entre este os acidentes de veículos, o guarda que tomar conhecimento do fato será obrigado a impedir que seja modificado o aspecto do local, antes do comparecimento dos peritos do Departamento de Polícia Técnica, salvo se receber ordem contrária da autoridade”.

Urbanidade

“O guarda deverá ser atencioso e cortês para com o público e todos em geral. Usará de boas maneiras, mesmo com as pessoas de mais humilde condição e até para os culpados por qualquer delito, nunca, porém confundindo a urbanidade com o servilismo. O guarda tem sempre o encargo de amparar e proteger a sociedade. E para que desempenhe plenamente essa missão, é preciso que seja calmo, sereno, delicado e enérgico”.

Sensatez, Prudencia e Energia

“O ser homem e digno é cousa que muito recomenda o guarda; mas isto não basta para ele captar inteiramente o respeito e a confiança de seus concidadãos. Revela também ser sensato e prudente, qualidades tão indispensáveis quanto a honradez e a boa conduta. O guarda deve procurar aperfeiçoá-las continuamente, agindo, em todas as circunstancias, com o tino e a reflexão que elas aconselham. Mesmo nos momentos mais difíceis, não deve perder a calma e a compostura. À sensatez e à prudência deve juntar outra qualidade importante, a energia. É necessário, porém, distinguir bem a energia da violência, que é incompatível com aqueles predicados. O guarda deve ter bem presente que a violência é uma indignidade que todos os atos de violência serão punidos com rigor”.

Crianças Perdidas

“Sempre que encontrar crianças perdidas, o Guarda deverá, com carinho, guiá-las imediatamente para a casa de seus pais, tutores ou protetores, se elas ou outras pessoas souberem a rua ou número da casa”.

Desrespeito às Senhoras

“O guarda deve ter o máximo cuidado em garantir, nos lugares públicos, o respeito devido às senhoras de qualquer idade e condição social. Se uma senhora queixar-se de que está sendo desrespeitada ou se o ato for praticado na presença do Guarda, este deterá o incivil imediatamente, levando-o à delegacia policial”.

O Ébrio

“A mesma delicadeza com que o Guarda deve tratar o público, em geral, deve ser dispensada aos ébrios. Ao aconselhá-los e conduzi-los, presos ou não, agirá com toda a calma, prudência e presteza, evitando exasperá-los e dar escândalos”.

O Emprego da Arma

 A defesa própria só é legítima como reação imediata e indispensável exercida por alguém que está a sofrer qualquer violência física ou na iminência disso; é essencial, portanto que comece com o ataque e com ele cesse”

Prostitutas

Compete ao Guarda de serviço na chamada “Zona Boêmia”, evitar e impedir:
1.Footing-exercido por meretrizes,quer estejam só, em grupo ou acompanhadas por homens, permitindo-lhe,s todavia, a faculdade de trânsito, consistente no direito de ir e vir, quando decentemente trajadas;
2. Sua freqüência às janelas fronteiras à via pública, as quais deverão de manter fechadas, quando servidas ao pavimento térreo;
3.O estacionamento de meretrizes nos portões, portas ou alpendres das casas, bem como nas ruas ou cruzamentos;
4.O uso de linguagem ou gestos inconvenientes”
O livro de instrução ou diretrizes da Guarda Civil trazia também todas as orientações em relação às providencias que deveriam ser adotadas nos mais diversos crimes, observando sempre as características do delito, preservação do local e a comunicação à autoridade competente, o delegado de polícia. Instruía também, como deveria portar em sua área de trabalho, sendo sua atividade observar se todas as casas de seu perímetro estava com todas as janelas e portas fechadas, se existiam luzes queimadas nos postes, pessoas com volumes suspeitos depois das 22 horas, etc.

1958. As imagens registram o símbolo da Guarda Civil, e o policial Augusto Barroso com Juscelino Kubitschek.




O BINÔMIO

        Considerado um jornal de esquerda radical, com raízes no comunismo, o Binômio, do diretor Euro Luiz Arantes teve vida curta por causa de suas pesadas reportagens contra autoridades públicas, principalmente políticos. Foi um Jornal odiado por muitos, pela sua independência e reportagens corajosas, dignas do bom e profissional jornalismo. No entanto, um fato de suma importância, no contexto da tão propalada liberdade de imprensa, nos chama a atenção, ao ler, durante as pesquisas, uma edição de 1959, que em sua apresentação registrava:
NÃO ACEITAMOS PUBLICIDADE
a) do Governo Federal
b) do governo do Estado
c) da Prefeitura Municipal
d) da Companhia Força e Luz
e) da Companhia Telefônica
f) de todas as outras firmas e organizações nacionais ou estrangeiras que tenham por norma controlar a imprensa por intermédio da publicidade.

             
       Bem diferente de seguimentos da imprensa atual, que, raras exceções, é totalmente comprometida pelos anúncios postados em suas páginas ou mídias, por aqueles que usam desse instrumento para não se ver censurado, denunciado e combatido nos mesmos espaços.


Vídeo sobre a capital mineira no período da história policial registrado neste artigo, por equipe americana que retrata Belo Horizonte, sua criação e transformação em grande metrópole. 


Fonte: http://www.cyberpolicia.com.br/index.php/historia/decadas/164-primeiras-decadas
Por Cléverson Lobo Buim / Boim - Diretor Presidente do Sindicato SINDETIPOL 
www.sindetipolminas.org