Seja minha vida o padrão naquilo que eu falar e no procedimento, o exemplo à todos levar.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

TORAH - ENSINAMENTO. EM... O ALIMENTO DA ALMA.

Torá -  O Sustento da alma


Nosso patriarca Yaacov é qualificado pela Torá como “ish tam yoshev ohalim”(Bereshit 25:27) – um homem íntegro (estudioso), freqüentador dos recintos onde se estuda Torá.

Antes de ir à casa de seu tio Lavan, estudou Torá por 14 anos na Yeshivá que havia sido instituída por dois importantes personagens daquela época: Shem (filho de Nôach) e Êver (bisneto de Nôach). 

A dedicação de Yaacov à Torá chegou até o ponto de, durante os 14 anos de estudos, Yaacov nem se deitar. O versículo “Vayishcav bamacom hahu” (Bereshit 28:11) – Deitou-se naquele lugar – Rashi explica, que se deitou apenasnaquele lugar, conseqüentemente excluindo outros lugares. Isso nos ensina que deitou-se ali, porém durante os anos de estudo na Yeshivá de Shem e Êver, sequer chegou a deitar-se, tamanha sua dedicação aos estudos.

Vejamos então um pouco sobre o tema do estudo da Torá e sua importância no judaísmo, segundo o enfoque do livro Shearim el Hayahadut, de autoria do Rabino B. Efrati.

O ser humano é constituído de corpo e alma. Uma das necessidades básicas do corpo do ser humano é a alimentação, que constitui o seu sustento. O sintoma da fome é o alerta do corpo para esta necessidade primária. Há dois sintomas diferentes de fome na constituição do ser humano: uma aparente e outra oculta. A aparente é aquele sentido imediato da necessidade de alimentação, que se manifesta pela sensação de estômago vazio, fraqueza, tontura, etc. Estes sintomas de fome são eliminados ao se consumir uma determinada quantidade de alimentos.

O sintoma de fome oculta, por sua vez, só será sentido com o tempo; é a necessidade fisiológica de vitaminas, proteínas e sais minerais que se manifesta por alguma doença ou algum distúrbio físico que obriga o indivíduo a procurar um médico e submeter-se a uma série de exames. A partir de então, terá de alimentar-se preocupando-se com a qualidade dos alimentos consumidos.
A alimentação quantitativa tem como origem, a necessidade de sanar a fome aparente, não levando em consideração a qualidade do alimento ingerido.

A alma, da mesma forma que o corpo, necessita de “alimentação”. Há também dois sintomas desta fome espiritual: a fome espiritual aparente e a oculta.

A fome espiritual se manifesta por um vazio interior e deve ser sanada com a quantidade necessária de sustento espiritual. Entretanto há o perigo de preencher este vazio sem levar em consideração a qualidade do sustento espiritual. O indivíduo passa a preencher seu tempo de forma errada, com “alimentos” que não o preenchem com as verdadeiras necessidades espirituais. Por exemplo, uma leitura inadequada ou outra atividade qualquer, que mate o tempo apenas quantitativamente e não qualitativamente.

A fome espiritual oculta passa a ter seus sintomas com o decorrer do tempo. Eles manifestam-se por deslizes no comportamento, angústia, depressão, e o desespero de não mais encontrar o sentido da vida. O sustento espiritual da fome oculta é condicionado a uma boa qualidade de “alimento” espiritual, que possa de fato preencher e nutrir a alma com conceitos e estudos de alto nível. Estes são os sustentos básicos para sua formação, “vitaminas” para sua subsistência e “calorias” para revigorar suas energias. O único “alimento” capaz de preencher os requisitos da alma para sua subsistência e seu desenvolvimento natural e sadio é o estudo da Torá, em todas as suas áreas: Torá, Mishná, Talmud, Midrash e Mussar.

Todas elas contêm o potencial para suprir as necessidades espirituais do indivíduo e por intermédio do estudo da Torá e seu aprofundamento, alcançamos para nossa alma o equivalente ao que alcançamos por intermédio da melhor alimentação para o nosso corpo.

No versículo: “Hoy col tsamê lechu lamáyim! Vaasher en lo cássef lechu shivru veechôlu, ulchu shivru belo kêssef uvlo mechir yáyin vechalav!” (Yesha’yáhu 55:1-2) – Ah! To-dos vocês que têm sede, eis a água! Vocês que não têm dinheiro, venham, abasteçam-se e comam gratuitamente, sem retribuição. Venham, abasteçam-se de vinho e de leite! – o profeta compara a Torá à água, ao vinho e ao leite.

O Radak, comentarista do Nach explica que da mesma forma que o mundo necessita de água, uma substância de primeira necessidade, a humanidade necessita de sabedoria. Assim como um indivíduo sedento necessita de água, a alma necessita do estudo e do cumprimento da Torá. Da mesma forma que o vinho alegra os corações (yáyin yessamach levav enosh),

o estudo da Torá alegra os que a estudam (pikudê Hashem yesharim messamechê lev). Assim como o leite é o alimento básico do recém-nascido e da criança para seu bom desenvolvimento físico, assim também o estudo da Torá é básico e fundamental para o progresso e o bom desenvolvimento da alma.

Consta no profeta Amôs (8:11): “Hinê yamim baim neum Hashem Elokim vehishlachti ráav baárets, lô ráav lalechem velo tsamá lamáyim ki im lishmoa et divrê Hashem” – Dias virão, diz D’us, quando enviarei a fome e a sede. Não será uma fome em busca do pão, nem sede pela água, mas sim, a necessidade de ouvir as palavras do Eterno.

Da Revista Nascente   -   www.revistanascente.com.br   e    http://www.coisasjudaicas.com/2014/11/tora-o-sustento-da-alma.html
Por Cléverson Lobo Buim  (Boim)