Seja minha vida o padrão naquilo que eu falar e no procedimento, o exemplo à todos levar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

POLIÇA CIVIL - QUEM AGUENTA AS POLÍTICAS INTERNAS?

EM CONSTRUÇÃO... EM BREVE OBSERVAÇÕES A RESPEITO.

Carta de desabafo de policial que exonerou-se da Policia Civil de SC

30 de outubro de 2014

Sindicato dos Policiais Civis- Sinpol – está divulgando Carta de Desabafo do policial Ícaro Kruger Stuelp, que pediu demissão da corporação com várias críticas e desencantos. Leia:
“Dois anos, sete meses, dezoito dias. Esse é o tempo que estou na Policia Civil de Santa Catarina. Este é o tempo que “estou policial”. Estou policial pois é uma condição que se aplica, não nasci assim e vim comunicar aos colegas que não mais assim serei. Hoje entreguei a arma, o colete, a algema e a funcional. Pedido de exoneração já foi encaminhado. Hoje encerro minhas atividades na Policia Civil de Santa Catarina.
Dois anos, sete meses, dezoito dias. Foi um tempo em que aprendi muito, evoluí muito, e do qual me orgulho pelo que fiz e pelas pessoas com quem convivi. Hoje eu sei que eu aprendi nesse período coisas da vida que não aprenderia em lugar algum. Estou saindo não por ter passado em outro concurso, não pelo dinheiro não fazer falta, nem por simples e pura vontade.
Estou saindo porque aprendi, nos últimos meses, que o que mais vale para o ser humano é ser tratado como tal, o que mais vale para o ser humano é a qualidade de vida e o que mais vale para o indivíduo é ter um objetivo.

Sairei sem ter passado em outro concurso, sem poder me sustentar por conta, sem algo em vista. Mas sairei. Não aguento mais as condições de trabalho na Policia Civil. Não aguento mais ver as nomeações políticas para certos órgãos. Não aguento mais ver as pessoas reclamando de salário quando o maior problema é que não realizamos a nossa função. Se nós fossemos policiais no sentido literal da palavra não estaríamos registrando boletins de ocorrência que não vão dar em nada. Estaríamos investigando. Mas isso é privilégio de poucos.
O Estado perde muitos policiais por não saber valorizar a mão de obra que tem. Conheço muitos policiais que querem ser policiais e se todos fossemos colocados para realizar nossas funções trabalharíamos e renderíamos inúmeras vezes mais do que o esperado. Se pudéssemos ser policiais nós investigaríamos, passaríamos dias e noites resolvendo casos e nem nos preocuparíamos com as horas trabalhadas. A paixão de muitas das pessoas que estão na polícia e a paixão de muitas pessoas que deixam a polícia é a polícia. Eu não gostaria de sair. Mas a última coisa que sou é policial. Eu sou “beólogo”.

E olha que só no tempo que estou na DPCAMI de Joinville realizei, com o apoio de incríveis policiais que por aqui passaram e que por aqui continuam, quase uma centena de cumprimento de mandados de busca e apreensão, mandados de prisão, solução de casos emergenciais de “Maria da Penha” e prisões em flagrante. Infelizmente foram vários policiais que deixaram esta delegacia e que deixaram a Polícia Civil este ano. Comigo são seis pessoas a menos no efetivo da DPCAMI de Joinville, sem qualquer reposição.
Há policiais muito dedicados que estão saindo em busca de algo melhor. Policiais que fizeram muito pela polícia de uma forma geral. Dentre eles menciono a ex-policial Bia Alvarez, que trabalhou na DPCAMI de Joinville e que todos conhecem por sua notória garra, vontade e caráter. Ela fez muito pela polícia, mas infelizmente também nos deixou. Eu sinto a mesma coisa, não tive um terço da capacidade dela, mas me esforcei ao máximo para fazer o melhor, mas mesmo assim ouvi por algumas vezes que “prego que se destaca leva martelada”.
Desejo a todos que ficam uma boa sorte. Se quiserem continuar brigando por salário, continuem. Não vão melhorar nada e logo estarão brigando por salário novamente. Não é de dinheiro que somos feitos. É de objetivos. Se quiserem brigar a boa briga, se quiserem uma luta que valha a pena briguem para que a Polícia Civil possa cumprir sua função exclusiva, investigar e solucionar crimes. Aí a valorização do serviço será consequência necessária.
Desejo a todos a melhor das sortes. Obrigado a todos pelo tempo que passamos juntos.
Não se deixem usar. A vida é feita de decisões e decisões nunca são fáceis. Essa decisão não foi fácil pra mim, mas tenho certeza que foi a mais acertada. Gostaria de encerrar com a definição de Einstein para insanidade, que me fez muito sentido ultimamente. Para ele, insanidade é fazer repetidamente a mesma coisa e esperar resultados diferentes.
Fonte: - http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/2014/10/30/carta-de-desabafo-de-policial-que-exonerou-se-da-policia-civil-de-sc/?topo=67%2C2%2C18%2C%2C%2C67
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