TUDO ABAFADO NO BAFÃO... ATÉ QUANDO MARCOS VALÉRIO VAI FICAR SEM SER SUICIDADO?
Movimentação de Habeas Corpus no STF comprova que Gilmar Mendes,
independente da condenação no Mensalão, mantém Marcos Valério refém do PSDB
|
|
“Relatório Reservado” entregue aos
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em final de julho de 2012 informa
que chegara às mãos do senador Aécio Neves, através de Álvaro Rezende, cópia
do depoimento que Marcos Valério pretendia fazer perante a Procuradoria Geral
da República (PGR). Na mesma oportunidade, Valério entregaria documentos que
comprovavam como funcionou o esquema de arrecadação ilícita no Governo de
Minas após 2002, através da gestora das verbas de publicidade, sua irmã,
Andréa Neves.
Interlocutor de Marcos Valério,
Álvaro Rezende, dono da R&C Propaganda, agência que acompanha Aécio Neves
desde quando, na década de 80, após a morte de seu avô, ocupou o cargo de
diretor de loterias da Caixa Econômica Federal, sob a presidência de Danilo de
Castro. Mesma época do escândalo da Ghetec e da abafada morte da filha de um
diretor da Caixa, afogada em uma piscina em função de uso excessivo de droga.
Rezende informara ainda à Aécio que
Valério estaria desesperado e revoltado, pois tinha certeza que seria
condenado pelo STF por pressão da mídia aliada do PSDB e que teria sido
abandonado, estando passando dificuldades financeiras. Logo depois deste
encontro, “Carta Capital” publicaria a “Lista do Mourão”. Investigações
anteriores da Polícia Federal concluíram que o documento teria
sido entregue por Mourão a Nilton Monteiro.
A repercussão da publicação de “Carta
Capital” da “Lista do Mourão” e outros documentos mostrando como operou o
esquema criminoso em Minas Gerais assustaram Aécio, que teria decidido agir
para evitar que Valério cumprisse o prometido, determinando que fosse feito
acordo. Na condução deste acordo, segundo o “Relatório Reservado”,
estariam Danilo de Castro e o advogado de Marcos Valério.
Contratos do Governo de Minas Gerais
celebrados com as empresas de Marcos Valério, além do aval de Danilo de
Castro em empréstimos considerados simulados pelo STF, foram investigados
pela PF. Castro confessou que realmente havia avalizado o empréstimo, porém
as justificativas não convenceram os investigadores.
Através de parecer do então
Procurador Geral Antônio Fernando e decisão do Ministro Joaquim Barbosa
determinaram-se maior aprofundamento nas investigações pelo Ministério
Público de Minas Gerais (MPMG). Os resultados destas investigações, se
ocorreram, jamais vieram a público.
Segundo um ex-ministro do STF, pouco
depois de “Carta Capital” divulgar (27/07/2012) a lista contendo o nome de
Gilmar Mendes como um os beneficiados pelo esquema do “Mensalão”, circulou
entre os ministros do STF o “Relatório Reservado”.
Teria sido combinado que Valério não
narraria fatos envolvendo o PSDB e se condenado ele cumpriria sua condenação
em Minas Gerais, recebendo em troca de declarações contra Lula perante a PGR
regalias no cumprimento da pena de prisão, além da retirado de mesa, para
julgamento perante a 1ª Turma do STF, o Hábeas Corpus nº. 97.416 concedido
liminarmente por Gilmar Mendes que possibilitou sua liberdade após prisão na
“Operação Avalanche”, da Polícia Federal.
Trata-se de uma decisão monocrática
quando Mendes exercia a presidência do STF e, seguindo parecer da PGR e da
relatora Ministra Carmem Lúcia, a mesma deveria ser revogada, restabelecendo
a prisão. Em sua decisão, Gilmar Mendes afirmou que o juiz que determinou a
prisão de Valério utilizou argumentos “fortemente especulativos”.
Para ele, o juiz que decretou a
prisão preventiva expôs “simples
convicção íntima, supondo que Rogério e Marcos poderão tumultuar as
investigações com base em suspeitas sobre fatos passados, sem necessária
indicação de ato concreto, atual, que indique a necessidade de encarceramento
ou manutenção no cárcere em caráter provisório”. Os “fatos passados” a que Gilmar Mendes fundamentou sua
decisão é a participação de Valério e Tolentino no esquema do Mensalão.
Consta do relatório cópia da
movimentação processual comprovando a retirada do HC de mesa da 1ª Turma do
STF em 06 de Setembro de 2012, em pleno julgamento do Mensalão e cinco dias
antes de proferida a primeira condenação contra Marcos Valério. O HC estava
em mesa pronto para julgamento há dois anos, desde 08 de Junho de 2010.
A data da retirada do HC 97.416 de
mesa da 1ª Turma coincide com a data do novo depoimento prestado por Marcos
Valério perante a PGR acusando Lula.
Também acompanha o relatório cópia da
ata de reunião do conselho de administração da Copasa, mostrando a aprovação
de um termo aditivo em contrato de publicidade com a R&C Propaganda,
origem dos recursos que teriam sido repassados a Marcos Valério. A Copasa foi
uma das fontes de recurso público que abasteceu, em 1998, o esquema montado
por Eduardo Azeredo, denominado “Mensalão do PSDB”.
Minas Gerais, Estado governado pelo
PSDB desde 2002, mantém controle absoluto sobre o Poder Judiciário e
Ministério Público, onde às execuções das penas privativas de liberdade só
ocorrem de acordo com sua vontade. Exemplo disto é a permanência em liberdade
do ex-detetive Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho, condenado em janeiro de
2009 a 14 anos de prisão, pelo assassinato da modelo Cristiana Aparecida
Ferreira, na época com 24 anos.
O corpo da modelo foi encontrado num
flat no Bairro de Lourdes, Centro-Sul de Belo Horizonte, em agosto de 2000 e
ainda encontra-se pendente de investigação a acusação de crime de mando,
contra o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia e de diversas autoridades do
governo mineiro.
Segundo o “Relatório Reservado”, fora em função e após o acordo que, através
de um advogado de FHC, Gilmar Mendes teria recebido cópia das hoje
comprovadas perícias fraudadas realizadas pela Polícia Civil de Minas Gerais,
conduzidas pelo delegado Nabak a mando de Danilo de Castro, juntada na denúncia
contra “Carta Capital”.
O único resultado prático do
“Relatório Reservado” teria sido o de abortar o esquema montado, obrigando
que Gilmar Mendes e o Procurador Geral, Roberto Gurgel, afirmassem à imprensa
que tinha pouca importância às declarações prestadas por Marcos Valério
contra Lula.
Segundo o ex-ministro do STF, embora
sem identificação de autoria e timbre, saiba-se que o constante no “Relatório
Reservado” seria fruto de investigações da ABIN, que vem acompanhando de
perto toda movimentação em torno do processo do Mensalão, principalmente na
defesa da integridade física do ministro Joaquim Barbosa.
Conforme noticiado por Novojornal, o Relatório da Polícia Federal relativo às
investigações do “Mensalão” encaminhado ao STF, cita que as investigações se
basearam em uma lista aprendida, também conhecida como “Lista do Mourão”.
Encontra-se com o ministro Joaquim
Barbosa o inquérito nº. 3530 e no mesmo foi juntado denúncia sobre o esquema
montado para forjar a perícia apresentada na acusação de Gilmar Mendes contra
“Carta Capital”, atestando ser falsa a “Lista do Mourão”.
Como dito anteriormente, a “Lista do
Mourão” foi apreendida anos antes e considerada autêntica no Relatório da
Polícia Federal.
Acompanhando a denúncia estão
documentos que comprovam como operou a organização criminosa junto ao Poder
Judiciário, Ministério Público e Polícia Civil de Minas Gerais, além das
transcrições de gravações de reuniões da organização criminosa feitas pelo
advogado J.Engler, narrando assassinatos, fraude processual, falsificação de
documentos, suborno de promotores, juízes, desembargadores, peritos e
delegados da Polícia Civil mineira.
Segundo o ex-ministro do STF, “este é
o resultado de uma década de governo alienígena, descomprometido com a ética,
moral e tradições mineiras, onde as instituições e a sociedade foram levadas
a mais baixa degradação”.
Fatos e documentos comprovam o
narrado no “Relatório Reservado”, cabendo agora ao ministro Gilmar Mendes e a
seus colegas do STF explicar a sociedade, que assistiu e acompanhou o
julgamento do “Mensalão”, os motivos que os levaram a permitir que Marcos
Valério permanecesse solto, através de uma liminar concedida e mantida pela
manobra regimental de retirada do HC de mesa perante a 1ª Turma.
Para a opinião pública, através da
imprensa, ao contrário do ocorrido, Gilmar Mendes e os demais ministros
reclamam que a prisão de Marcos Valério demorará, tendo em vista diversos
recursos que estão sendo e serão utilizados por sua defesa.
Caso Gilmar Mendes não apresente uma
justificativa plausível, estará comprovada a tese de que Marcos Valério agiu
a serviço do PSDB ao denunciar Lula e por trás estava não o ministro do STF e
sim o homem de confiança do PSDB, que antes de ser ministro foi Advogado
Geral da União do governo tucano de FHC, que o indicou para o STF.
Consultados através de suas
assessorias, o governo de Minas Gerais, o senador Aécio Neves e o Ministro
Gilmar Mendes optaram por nada comentar. A Copasa, consultada, informou ser
normal a celebração de aditivos ao contrato de publicidade.
Documentos
que fundamentaram a matéria:
|
Fonte: http://www.novojornal.com/politica/noticia/como-e-porque-gilmar-mendes-e-o-psdb-mantem-marcos-valerio-refem-14-01-2013.html
|